Jornal Nova Geração

OPINIÃO

A administração de Estrela no final do século 19

Pela lei nº 1044 de 20 de maio de 1876, no governo do Conselheiro Tristão Alencar Araripe, criava-se o município de Estrela

Pela lei nº 1044 de 20 de maio de 1876, no governo do Conselheiro Tristão Alencar Araripe, criava-se o município de Estrela. Porém, a administração municipal de Estrela nasceu sob o governo provincial de Francisco de Carvalho Soares Brandão, quando em 21 de fevereiro de 1882, aconteceu a instalação do município de Estrela, com a posse de sete legisladores da primeira Câmara de Vereadores. Na mesma data foi escolhido

Tristão Gomes da Rosa como primeiro presidente. A primeira sede funcionou em sala alugada no antigo prédio de Miguel Ruschel.
Nos primeiros dez anos e oito meses de história, o poder executivo foi exercido sem a figura do intendente/prefeito. A Câmara de Vereadores atendia às necessidades do município e pedia ao governo provincial os recursos e autorizações.

Havia no Paço Municipal estrelense um procurador-contador, para atender as finanças; um fiscal, para cuidar da arrecadação; um arruador para alinhar as construções de casas; um porteiro que atendia os munícipes e um secretário, para elaborar as atas das reuniões, redigir ofícios e cuidar do expediente interno. Todos atuavam sob a coordenação do presidente da Câmara.

Os vereadores que exerceram o Poder Executivo – de 21 de fevereiro de 1882 à 18 de outubro de 1892 foram: Tristão Gomes da Rosa; Henrique Teodoro Rohenkohl; Bento Manoel de Azambuja; Luiz Paulino de Moraes (duas oportunidades); Bento Rodrigues da Rosa; Joaquim Alves Xavier, Júlio May (duas oportunidades) e Luiz Paulino de Moraes.

Lajeado foi Estrela de 1874 a 1891

Uma vez criada a Freguesia de Santo Antônio de Estrela em 1873, a ele foi incorporado o território de Lajeado pela Lei 916 de 24 de abril de 1874. Pela Lei 963 de 29 de março de 1875, foi instituído como 2° Distrito de paz da Freguesia de Estrela, compreendendo (Lajeado, Arroio do Meio, Encantado e Guaporé).

Pela Lei 1.044 de 20 de maio de 1876 foi criado o município de Estrela, fazendo parte o Distrito de Lajeado.
Mais tarde, em 27 de maio de 1881, pela Lei provincial 1351, foi criada uma freguesia no 2° Distrito de paz de Estrela, sob a invocação de Santo Inácio. Finalmente pelo Ato 57 de 26 de janeiro de 1891 foi criada a Vila de Lajeado, cuja instalação deu-se em 25 de fevereiro do mesmo ano.

Até 20 de outubro de 1891, a nova comunidade foi administrada por uma Junta Municipal, presidida por Frederico Henrique Jaeger. A 15 de novembro de 1891, foi empossado o 1° Conselho Municipal, e eleito o intendente Frederico Heineck.

A Proclamação da República em Estrela

A proclamação da república (15/11/1889) foi vivamente comemorada no município de Estrela, em especial no conselho (Câmara de Vereadores).
Recebida a informação do evento, foi retirado do pórtico no Paço Municipal o escudo e armas do Império e ato seguinte foi hasteado o pavilhão de 35, na falta de outro símbolo nacional, pois esse foi lembrado por ter íntima ligação histórica com o município de Estrela.

Um fato pouco conhecido, para nós, estrelenses, ocorreu quando desta mudança de regime no Brasil. Os documentos nos revelam que o major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro, filho do Coronel Vitorino José Ribeiro, fundador da Colônia de Estrela, teve destacada participação neste momento histórico.

O Major Sólon nasceu em Porto Alegre, mas se criou e passou boa parte da sua juventude na Fazenda Estrela. Este destemido militar, que fazia parte da linha dura pró-república, foi indicado pelos companheiros de farda a enfrentar o Imperador e entregar-lhe a carta declarando a república proclamada e que sua alteza estava deposto. Foi também um dos mais destacados militares nos dias pré-15 de Novembro de 1889. Foto: Major Frederico Sólon Sampaio Ribeiro.

Estrela – Bonita ou não, sofrida ou não – É a nossa história!

Os anais nos descrevem que o município de Estrela foi invadido e pilhado por três vezes na Revolução Federalista de 1893.
Com o agravamento dos acontecimentos políticos em todo o estado, o intendente, Joaquim Alves Xavier convocou o conselho de forma extraordinária para deliberar como defender a Vila, pois grupos armados invadiam a região.

Em 27 de Maio de 1893, às 10 horas, os rebeldes invadiram a Vila de Estrela e atacaram o Paço Municipal num ruidoso combate com tiros e armas brancas. Nesta refrega tombam, de ambos os lados, mortos e feridos. Junto aos mortos se encontrava o valoroso Sargento Bittencourt, que perdeu assim heroicamente, como soldado da legalidade, sua vida.

Este Taquariense, que chegou a Estrela à procura de trabalho para o sustento de sua família, converteu-se, pelo sangue derramado, em cidadão eterno de Estrela. Hoje percorrendo a cidade, em que tantas gerações passaram, nada lembra o seu feito e seu nome.
Em 1884, os registros nos dão conta que ocorreram mais duas invasões à “Vila de Estrela”, todas repelidas pelos legalistas bem armados e orientados. Foto: Corpo Policial de Estrela.

Joaquim Alves Xavier – Primeiro Intendente de Estrela

Em 18 de outubro de 1892, tomou posse o primeiro intendente de Estrela, Joaquim Alves Xavier, cujo ato administrativo inicial foi promulgar a Lei Orgânica do Município. Teve que organizar a Intendência, distribuindo as tarefas e competências para os funcionários. Providenciou a cobrança de impostos e taxas, para haver receita orçamentária.

Quando assumiu estava terminando a epidemia de varíola. Encontrou as colônias devastadas pelos gafanhotos, o que trouxe dificuldades na arrecadação de impostos.

Depois de irromper no Estado a Revolução Federalista em 1893, no Vale do Taquari as hostilidades iniciaram com a invasão da Vila de Estrela, sob o comando de José Altenhofen, com intuito exclusivo de derrubar o intendente Joaquim Alves Xavier, que fugiu, para Taquari, abandonando o cargo. Assumiu seu substituto legal. Foto: Joaquim Alves Xavier.

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