Jornal Nova Geração

A saga dos produtores de leite no RS

Como produtor de leite, venho sendo surpreendido e decepcionado ao receber o valor pago pelo litro do produto, com significativas a acentuadas baixas no preço ao produtor.

Desde 2016, há uma piora acentuada no ambiente de negócios no setor leiteiro, principalmente do lado dos produtores, com forte e progressivo descompasso entre o valor pago pelo litro e os custos de produção em elevação.

Lamentavelmente, essa situação frustrante tem como principal responsável a redução de impostos nas importações de leite em pó e outros produtos lácteos, além de políticas públicas de subsídios nos países de origem das importações, provocando um desajuste no setor e o maior déficit da balança comercial de leite e produtos lácteos dos últimos 22 anos. Apura-se que, somente de janeiro a junho deste ano, as compras de lácteos de países do Mercosul cresceram 283%, e leite em pó é maior ainda, chegando a 437%, sobre um volume que já era exageradamente grande.

Desde 2016, dá para projetar o que vem ocorrendo: a ruína da vida dos produtores. Em 2015, eram 84,2 mil produtores de leite; em 2021, 40,18 mil; hoje sobrevivem apenas cerca de 33 mil produtores de leite. Uma redução de 61% em poucos anos. A maioria composta por famílias que não suportaram os crescentes prejuízos, enquanto as empresas importadoras multiplicaram receitas.

Além da forte crise social e econômica sofrida pelos que foram obrigados a deixar a atividade, como também pelos que ainda nela resistem, perdem os municípios e o Estado deixando de arrecadar, como também os demais empregos da cadeia produtiva.

É necessária e urgente a tomada de providências pelo governo brasileiro para dar fim neste angustiante quadro. Não apenas gerando listas de sugestões, a maioria ineficaz ou insuficiente para a mudança de cenário.

O que vai trazer a melhoria de perspectiva ao Setor é:
1. Prioritariamente a redução drástica da importação de leite e produtos lácteos, sublinhando o leite em pó.
2. A implantação de medidas econômicas e financeiras que possam viabilizar a continuidade de milhares de produtores, a maioria em propriedade de pequeno porte.
Não é de agora, considerando o período de 2015/2023, são 17 produtores/dia que abandonam o setor. Se continuar nada ou pouco sendo feito pelos responsáveis, a falência dos que ainda produzem será uma questão muito próxima. Infelizmente.

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