Jornal Nova Geração

ESTRELA

Após 61 dias, últimas famílias deixam ginásio Ito Snel

Local serviu como abrigo às pessoas que ficaram sem moradia depois da enchente que condenou centenas de casas no município. Cerca de 500 pessoas passaram pelo local desde setembro

Famílias foram realocadas por meio do Aluguel Social. Desde setembro mais de 500 pessoas passaram pelo local (Foto: Jhon Willian Tedeschi)

Depois dois meses desde a cheia histórica que atingiu o Vale do Taquari, as últimas famílias abrigadas no ginásio Ito Snel deixam o local e se mudam para novas residências. Desde o mês desde setembro, quase 500 pessoas passaram pelo espaço que serviu para acolher durante a tragédia. Neste período, servidores da prefeitura de Estrela e voluntários se revezaram no atendimento à população atingida.

Dos últimos cinco núcleos familiares, quatro foram contemplados com o benefício do Aluguel Social, por meio do programa Renasce Estrela. A outra família procedeu com as reformas necessárias para retornar à casa própria. No auge da tragédia, os pertences de cada pessoa eram colocados lado a lado dentro do ginásio.

Voluntária no local, Sandra Alerth esteve presente desde a noite de 4 de setembro e era uma das responsáveis pela rotina no ginásio. De forma diária, os abrigados recebiam refeições: café da manhã, almoço, jantar e lanches. Ela relata que, nos últimos dias, o sentimento era de felicidade por quem conseguiu se mudar para o novo lar, e de preocupação por quem ainda ficava no espaço.

“Eram sensações opostas, mas é bom ver as pessoas retomando o rumo da vida. Muitos laços foram estabelecidos e muitas histórias foram contadas. A grande dificuldade destas famílias foi encontrar uma residência que atendesse aos critérios exigidos, como estar dentro de uma área não alágavel ou que estivesse dentro de um valor que pudessem pagar”, comenta Sandra.

Cerca de 200 núcleos familiares devem ser contemplados com o Aluguel Social. Por meio da iniciativa, o governo municipal se propõe a custear o valor da locação para pessoas que perderam casas. O valor é R$ 700 por moradia pelo período de seis meses. O investimento nesta área é de R$ 1,6 milhão. Em uma das atualizações do programa, o governo municipal pode, diretamente, assinar os contratos junto às imobiliárias.

Alívio de estar em casa

Uma das últimas famílias a sair do local foi a de Maritê Piñero. Além de encontrar a residência de acordo com as especificações exigidas, ela também conseguiu uma vaga de emprego no período. Nos dias que esteve no ginásio, Maritê destaca que ganhou muitos itens para a retomada no novo lar, como móveis, roupas e alimentos. Antes da tragédia de setembro, morava no loteamento Marmitt.

“Ficamos muito felizes e aliviados de sair de lá, porque dividir espaço não é a mesma coisa que estar em casa. Somos eu, meu marido e meu filho de dois anos. Estamos muito bem na casa onde moramos hoje. Mas também fomos muito bem atendidos no ginásio”, relata.

A secretária de Desenvolvimento Social e Habitação, Renata Cherini, destaca o trabalho feito pelas equipes da pasta para realocar todas as famílias em novas residências. “Teve um trabalho de convencimento, porque tinham muitas pessoas idosas que são apegadas a onde vivem. Sabemos que é difícil sair. Mas foram encontrados lugares para todos”, pontua.

Andamento do aluguel

As solicitações passam pela análise do Conselho de Habitação e avançam para ao setor jurídico. A secretária comenta que parte dos moradores já tiveram a primeira parcela do benefício repassada. No entanto, alguns pedidos ainda não tiveram aprovação devido aos critérios estabelecidos.

“Temos muitos processos em andamento. Tem situações de denúncias que precisamos averiguar e também pessoas com restrição no CPF que não conseguem dar andamento no contrato. Para isso, o município ficou autorizado a repassar o valor direto à imobiliária”, explica Renata. Para proceder com o processo, a residência tem que estar acima da cota de 27 metros.

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