Jornal Nova Geração

ESTRELA

Câmara reconhece trajetória de coralista e líder comunitária

Maria Beatriz Plenz dedica a vida ao canto nas comunidades do interior. Ela foi agraciada com a Comenda Maria Ilse Hart 2022

“Não sei por que estou falando tanto se o que eu sei mesmo é cantar”. Após essas palavras, Maria Beatriz Plenz deixou a tribuna e, no centro do plenário, quebrou o protocolo da sessão solene dessa segunda-feira, 30. Com a canção “Amigos para sempre”, a coralista foi acompanhada por vozes amigas presentes no cerimonial realizado na câmara de vereadores.

O fato foi o ponto alto da entrega da Comenda Maria Ilse Hart 2022, que pela primeira vez em nove anos homenageou uma mulher residente no interior. A honraria é destinada para mulheres protagonistas na comunidade estrelense, como a trajetória da musicista e coralista de 62 anos. “É um momento de gratidão. Acho que consegui passar algumas coisas para todos cantores, motivos deles estarem aqui, é muito especial para mim”, agradeceu.

Coralista, professora e líder comunitária

Moradora da Linha Delfina, onde nasceu em 16 de março de 1960, Maria Beatriz Plenz diz ter herdado a paixão pela música de sua família, composta por diversos músicos. Seu avô, Jacob Birck, foi 2º regente do coral da comunidade em 1926 e transpassou os dotes artísticos aos filhos, que mantiveram a tradição. “Quando meu pai e meus tios iam cantar, eu sentava ao redor e o que gostava pedia para eles repetir”, conta como foram seus primeiros contatos a música.

Filha de Ervino Nicolau e Leocádia Birck, teve no seu tio Albino uma referência musical. Foi ele quem notou o talento de Maria Beatriz. Ainda muito nova, a ensinou a “cantar em segunda voz”. Com 11 anos, ela ingressou ao Coral Santa Cecília da Linha Delfina. “O coral recentemente completou 100 anos de história, desses eu participei 51 anos, sendo 28 anos como regente”, atenta, ao contar que assumiu a regência em 1993, por extrema necessidade. “Eu não me sentia preparada, assumi por que foi preciso, então busquei fazer cursos. Um ano depois, assumi o coral aqui da Santa Cecília da Delfina”.

Aceitar desafios em prol da comunidade e da música, entretanto, sempre foi uma marca na caminhada de Maria Beatriz Plentz. Em 1973, formou um coral de primos e irmãos, com o tio gaiteiro, e cantavam em missas, casamentos, festas em geral. Também foi desafiada pela Irmã Paulina, do colégio Santo Antônio, a aprender tocar violão e auxiliar nas orientações. “Em 14 dias eu aprendi e já comecei, instigada por ela, a dar aula”, lembra.

Assim, em 1981, ela conquistou as duas primeiras certificações musicais: curso de violão e de teorias e solfejo.
Maria Beatriz ajudou a fundar diversos corais, regeu mais de dez corais e esteve à frente de centenas de cantores, de 11 a 85 anos. “Infelizmente, não tenho todos registros de para quantas pessoas já dei aula e regi, mas são centenas”, relata.

Ela também foi professora de música, desenho e religião nas 10 escolas de educação infantil de Estrela, além de catequizar em algumas localidades. Se tornou uma penalidade influente e com voz ativa na comunidade, assim como concorreu ao cargo de vereadora nas eleições de 2004: foi suplente, com atuação por três meses no Legislativo em 2005.

Rege atualmente seis corais: os Santa Cecília das linhas Delfina, São Jacó e São João, assim como os coros da Matriz de Estrela, da Sociedade de Cantores Auxiliadora e da Comunidade São Luiz. Juntos, totalizam cerca de 110 cantores – de 11 a 85 anos de idade.

“Na minha vida a música é tudo”

Aos 62 anos, ela revela não passar um dia sem cantar. “A música é sentimento, muda a vida das pessoas. Tem o poder de acalmar nos momentos delicados e celebrar nas celebrações. Na minha vida a música é tudo: quando estou triste, eu penso em cantar e nas horas felizes também”, reflete.

Os ensaios com corais ocorrem de segunda a sábado, além de ter compromissos de missas, sepultamentos e casamentos. Mesmo assim, ela ensaia e canta sozinha também em casa e nos momentos em família. “Não sei o que seria de mim sem a música. Eu não sei se nasci cantando, mas tenho certeza que vou morrer cantando”.

Compartilhar conteúdo

PUBLICIDADE

Sugestão de pauta

Tem alguma informação que pode virar notícia no Jornal Nova Geração? Envie pra gente.

Leia mais: