Em 1988, o então operador de máquinas no setor de engarrafamento de cerveja, Dirlei Antunes, 61, iniciou sua trajetória na Cervejaria Polar. Hoje porteiro, trabalhou na empresa até o momento do fechamento, em 2006. Por 16 anos, observa as mudanças ocorridas no prédio. Ainda que o espaço seja utilizado para centro administrativo, estacionamento e sede da Associação de Municípios do Vale do Taquari (Amvat), ele espera a reforma completa do local e maior aproveitamento.
Antunes lembra a época em que trabalhou na Polar. Com o salário, conseguiu construir a casa e criar os filhos. “Foi de muito aprendizado. Fiz muitos cursos promovidos pela Ambev e voltei a estudar para me aperfeiçoar. Tenho saudade desse tempo. Às vezes encontro pessoas que trabalharam comigo e passamos horas conversando e relembrando um passado bom, de muito trabalho e amizade”, conta.
Conforme o porteiro, quando trabalhava lá, tudo era bem cuidado e todos zelavam pelos equipamentos e o prédio. “Hoje a gente fica triste por ver grande parte daquilo abandonado, com o telhado desabado e com necessidade de uma restauração. Precisamos de alguém que investisse para recuperar, pois muitas famílias sobreviveram dali. Dá pena, passar na frente e ver isso em ruínas”, observa.
Para ele, seria bom criar espaços para a recuperação e valorização do prédio histórico. “Dá para fazer muita coisa naquele espaço. É um local que guardo muitas boas lembranças, levo coisas que aprendi até hoje”, afirma.
Inovação e tecnologia
Boa parte do prédio da antiga cervejaria é administrada pelo Executivo. Uma das alternativas para usar melhor a estrutura é a criação do “Next CoWork”, espaço compartilhado para startups, localizado no terceiro andar da área em que antes funcionava o setor administrativo da fábrica. Conforme o vice-prefeito, João Schäfer, o projeto foi pensando ainda durante campanha eleitoral, em 2020. A previsão é de que até o fim do mandato, a reforma da estrutura já esteja concluída e ocupada.
“O agronegócio é forte em Estrela, assim como a logística. Pensamos em atender a demanda do crescimento tecnológico e, por isso, decidimos pela criação de um coworking para atrair empresas focadas nessa área e contribuir com os avanços. Queremos incentivar os jovens a criar startups, num espaço em que o município pode ceder durante algum tempo”, salienta.
Segundo Schäfer, a intenção é preservar e valorizar o prédio, ao mesmo tempo que “olha” para o novo. “É uma área nobre, no centro da cidade, e precisamos encontrar um caminho para ocupar melhor a estrutura. Vamos começar aos poucos, ao promover, neste momento, um lugar para o conhecimento, tecnologia e inovação”, ressalta.
Reforma inviável pelo Executivo
Conforme o vice-prefeito, no aniversário do município, em 20 de maio, devem ser inauguradas as obras no Parque da Lagoa e será feito o anúncio da licitação para a trilha ecológica. Com isso, o município busca trazer o público para os pontos turísticos e assim tornar o prédio atrativo para a iniciativa privada investir.
“No local em que hoje funciona o estacionamento da prefeitura, poderia ser feito uma praça de alimentação e até mesmo museu. Um mirante no primeiro prédio construído, também poderia ser criado. Mas é inviável o Executivo reformar todo o espaço da Polar, pois o orçamento é engessado. Custa entre R$ 40 e 50 milhões para tornar essa área ocupável. O poder público faz a parte dele conforme possível, atraindo mais empresas para cá”, frisa.