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CONEXÃO

Da horta para a merenda: projeto estimula alimentação saudável

Disciplina de técnicas agrícolas proporciona aos alunos vivências próximas ao cultivo de alimentos naturais. A iniciativa faz parte do componente curricular de estudantes das séries finais do Ensino Fundamental. Prática também incentiva trabalho em equipe

Crianças aprendem de forma coletiva a cuidar da terra e trabalhar em equipe (Foto: Karine Pinheiro)

“A gente planta, capina, rega, cuidamos e também podemos levar para casa”, conta a aluna da Emef Pedro Jorge Schmidt, Amanda Muller, sobre a horta escolar. A estudante do 7º ano destaca que tudo o que aprende, há dois anos, na escola reproduz em casa com os avós. “Eu ajudo eles a plantar feijão e milho”.

A escola localizada na Linha Delfina conta com um espaço para os alunos praticarem a disciplina de técnicas agrícolas. A diretora Carla Renner explica que o componente é obrigatório nos currículos dos estudantes dos anos finais. “É como português e matemática e eles gostam de participar”, afirma. Além disso, as hortaliças produzidas no ambiente escolar vão direto para o prato dos alunos.

Amanda Muller reproduz o que aprende na escola em casa, com os avós (Foto: Karine Pinheiro)

A primeira colheita do ano ocorreu nesta terça-feira, 11. A professora responsável pela disciplina, Vitória Mallmann Fell, conta que a primeira leva de alfaces foi direto para a cozinha e no período seguinte já estava no prato dos estudantes. “É uma experiência que beneficia todos. Os produtos são orgânicos, cultivados por eles, eles aprendem e ainda sentem satisfação. Para eles essa hortaliça tem gosto especial”, declara. Na horta também são plantadas rúcula, beterraba, repolho, brócolis, cenoura e couve flor.

A professora divide a rotina de acordo com as necessidades do horto. Ela ressalta que o cuidado deve ser diário, portanto, divide as atividades pelas turmas. Desta forma, uns plantam, outros capinam e regam. Para Vitória, o importante é que todos possam auxiliar de alguma forma.

“Tenho uma lista e sorteio as tarefas. Até porque cada turma tem que atender um componente do currículo escolar. Existe uma planejamento anual, assim como as demais disciplinas, com aulas teóricas. E além disso, temos fatores externos como clima e tempo”, esclarece a professora. Cerca de 90 alunos são avaliados na disciplina.

Colaboração

O aluno Henrique, do 7º ano, também leva os conhecimentos adquiridos na escola para casa. Apesar de os pais plantarem diversas hortaliças em casa, o estudante destaca que ajuda de forma mais efetiva e contribui com novas informações. “Lá em casa a gente planta de tudo: aipim, cenoura, repolho, feijão e couve. Eu já sabia plantar antes, mas sempre aprendo mais”, afirma.

A diretora aponta que a colaboração também ocorre de forma inversa nos limites da escola. Assim como as crianças levam o conhecimento para casa, outras compartilham as informações com os colegas que não praticam o plantio nas residências. Um dos objetivos da disciplina é promover o trabalho em equipe.

“A horta é de todos e todos tem que fazer sua parte para funcionar. Buscamos soluções de forma conjunta. Eles fazem a pesquisa junto com a professora e solucionam os problemas. Então traz muitos benefícios. Estimula uma alimentação melhor e saudável, eles percebem como é necessário cuidar e aprendem sobre coletividade”, avalia Carla.

A professora de técnicas agrícolas atenta para as medidas já feitas em sala de aula. “Antes de colhermos o alface, plantamos dois canteiros e um deles foi comido por passarinhos. Então toda a turma pesquisou e decidimos intervir com o que tinha na escola. Pegamos cabo de vassouras e sombreiro para não queimar e colocamos sacolas para afastar as aves”, conta.

Vitória destaca que a iniciativa, além de proporcionar experiências, auxilia no estímulo para que eles encontrem soluções. Nas aulas teóricas, além de aprenderem a lidar com as adversidades, os alunos debatem sobre as técnicas de espaço, plantio, hortaliças, melhores épocas para plantio, clima e tempo.

Esperança de continuidade

A professora relata que os pais e responsáveis se sentem felizes de saber a aceitação que os alunos sentem em relação à disciplina. “Eles têm essa questão do pertencimento, pois acreditam que é um estímulo para os filhos permanecerem no interior”, comenta Vitória. Segundo ela, muitos alunos saem das localidades interioranas e não voltam para continuar o legado dos pais.

Além disso, destaca que é importante colocar em prática o conhecimento sobre agricultura dos mais antigos em prática. Contudo afirma que os alunos levam novidades para casa. “É uma troca mútua. Eu também cresci no interior e busco maneiras de me atualizar sobre o assunto para passar mais informações para as crianças. Ver o que eles produzem nos pratos deles é emocionante” conclui.

Atividades escolares têm o objetivo de estimular os jovens a permanecerem no interior (Foto: Karine Pinheiro)
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