As primeiras testemunhas relacionadas à Comissão Parlamentar Processante (CPP) que investiga o vereador Claudiomir de Souza (União Brasil) foram ouvidas nessa terça-feira, 29. Das 11 pessoas listadas, sete prestaram depoimento e uma delas foi liberada. Os três depoentes restantes devem ser chamados a falar em até duas semanas.
O foco dos questionamentos da comissão aos servidores do legislativo na época da viagem investigada, entre 5 e 7 de outubro de 2021, foi em uma suposta tentativa do parlamentar retirar documentos comprobatórios das dependências da câmara. O ex-assessor jurídico Gustavo Gewehr relatou que Souza solicitou cópias dos expedientes em mais de uma oportunidade.
Na última, de acordo com ele, houve um atrito que gerou um boletim de ocorrência. “Foi uma atitude de desrespeito à determinação da secretaria”, lembra Gewehr. Ele acrescentou não saber se havia intenção do vereador retirar os documentos, mas que havia a recomendação para que não abrisse o dossiê de comprovações.
Gewehr foi questionado sobre uma eventual comunicação com o Congresso. “Teve um e-mail enviado à polícia legislativa, onde nos foi relatado que em dois dias específicos o vereador não estaria em gabinetes de deputados. Mas o vereador comprovou com imagens que em um desses dias ele estava”, ponderou. De acordo com ele, o vídeo apresentado por Souza correspondia a um dos dias onde não havia comprovação de entrada.
Da equipe do legislativo à época, foram ouvidos o ex-servidor Maurício Wermann e o atual funcionário Guilherme Meirelles de Oliveira.
Perito reafirma fraude
O perito contratado pelo então presidente da Câmara, Diego Tenn Pass (PDT), foi outro listado para depoimento. Especialista na análise de documentos, João Henrique Seibel Rodrigues sublinhou que as assinaturas nas comprovações dos dias 5 e 7 foram aproveitadas de outro documento. “A assinatura originária é legítima, mas foi recortada e colada. Isso indica a falsidade material”, explicou. Ele ainda ressaltou que o documento do dia 6 é o único original.
Servidor do controle interno do município em 2021, Daniel Scherer Mallmann foi quem levantou os indícios de falsificação, quando o legislativo questionou se as diárias poderiam ser pagas. “O comprovante de comparecimento ao gabinete do deputado não possui assinatura manual ou digital, ou qualquer meio de atestar a regularidade do documento, como um código de verificação”, disse.
Encontro com vereadores
Dois vereadores de Passo do Sobrado foram chamados a depor e ambos confirmaram que estiveram com Souza no gabinete do deputado federal Marcelo Moraes (PL). Jânder de Carvalho Thisen (PTB) afirmou que visitou Moraes entre os dias 5 e 7 de outubro, mas não soube precisar qual dia encontrou o vereador de Teutônia.
Já Célia Clorete Haas da Fonseca (PTB) contestou uma suposta informação que o deputado federal estaria em Porto Alegre no dia 7. O advogado de defesa, Juliano Heisler, fez um requerimento para que a parlamentar apresente os documentos comprobatórios que afirmou possuir, uma vez que são comprovantes de Souza nesta data que estão sob suspeita. O prazo para entrega é de cinco dias úteis.
Testemunhas faltantes
A defesa do vereador Claudiomir de Souza dispensou uma das testemunhas, o prefeito de Triunfo, Murilo Machado da Silva. Por outro lado, o ex-deputado federal Nivaldo Albuquerque e o atual deputado Marcelo Moraes devem ser convocados nas próximas duas semanas. Por fim, Souza encerrará a fase de depoimentos. A comissão tem até o fim de outubro para a entrega do relatório final.
