Jornal Nova Geração

VALE DO TAQUARI

Dnit projeta retomada da navegação entre 2 a 3 anos

Estudos técnicos mostram que Rio Taquari apresenta condições para transporte em 90% do ano. Volta das embarcações depende de modernização da eclusa de Bom Retiro do Sul

Reunião na tarde de ontem ocorreu na sede da E-Log. Empresa apresentou detalhes e mapas sobre a hidrovia. Crédito: Filipe Faleiro

Líderes regionais, agentes públicos e técnicos do governo federal ligados ao Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes (Dnit), estão otimistas com a possibilidade de retorno das navegações de carga a partir do Rio Taquari. Esse é o saldo da reunião na tarde de ontem no Porto de Estrela, na sede da E-Log.

A empresa CHD – Cartografia, Hidrografia e Digitalização de Mapas – apresentou detalhes sobre as condições da hidrovia, os mapa geológico e constatou grande potencial de navegação. Segundo o diretor Gilberto Loureiro Mácola, o Rio Taquari garante condições para o fluxo de embarcações durante 90% do ano.

“Não há corredeiras, a profundidade mínima é adequada para navegação. Agora precisamos aprofundar os estudos para saber qual o tamanho dos navios e o peso que podem comportar”, destaca.

O percurso analisado vai de Estrela até São Jerônimo. São 84 quilômetros de hidrovia. Ao longo do trecho, o engenheiro destaca dois pontos críticos, que precisam de intervenção. Um deles fica no encontro com o Arroio Boa Vista e outro nas proximidades da foz do Rio Jacuí.

De acordo com ele, é necessário no mínimo três metros de profundidade no canal para o rio receber embarcações. Em todos os trechos houve essas condições. Em cima disso, o perfil da bacia hidrográfica, de enchentes frequentes e períodos de estiagem no verão, pode interferir na navegabilidade.

Pelos estudos, em períodos de enchente, a correnteza fica mais forte e pode interromper a hidrovia. Por outro lado, o nível do rio também volta ao normal de forma acelerada. Então, existe a possibilidade de interrupções pontuais, diz Mácolo. Já durante estiagens, pode haver um prejuízo de mais tempo para navegação.

Para haver mais previsibilidade e garantias para o transporte fluvial, o Dnit tem licitação em aberto para modernizar a eclusa de Bom Retiro do Sul. Serão mais de R$ 85 milhões. Com a melhoria, será possível elevar o espelho d’água ao longo do Rio Taquari. Desde 2014 nenhum navio de carga deixa o Porto de Estrela.

Próximos passos

Conforme o diretor de Infraestrutura Aquaviária do Dnit, Erick Moura de Medeiros, os estudos técnicos agilizam o trâmite na esfera federal para a liberação da hidrovia. Até o fim do ano, diz, será necessário estabelecer qual a dimensão e capacidade das embarcações para o trecho do Porto de Estrela até a ligação com o Rio Jacuí.

“Com esses elementos básicos, temos de respeitar as dimensões da eclusa para os navios poderem passar por ali. Acredito que entre 2 a 3 anos o Rio Taquari poderá voltar a ter transporte de cargas por meio da hidrovia.”

Junto com isso, Medeiros ressalta a mobilização regional para destravar o uso do modal. “Muita coisa mudou em Estrela. Mérito do Vale, do empresariado e do governo municipal. Temos um ambiente propício, tanto no governo federal, no Estado e na região, para melhorar a logística.”

Detalhes

Barreiras e oportunidades

  • O sistema hidroviário interno (em rios) no país soma mais de 63 mil quilômetros de águas navegáveis;
  • Deste total, apenas 19,5 mil km (30,9%) são usados, conforme a Confederação Nacional do Transporte (CNT);
  • Hoje, apenas cerca de 5% do transporte de cargas no país é por meio de águas navegáveis internas;
  • Estudos sobre logística mostram que mais integração entre modais representa menos custos operacionais;
  • Estimativa atual aponta que a dependência das rodovias representa um prejuízo de até 17% do PIB nacional.
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