Jornal Nova Geração

Em busca de asfalto para a Geraldo

ESTRELA – Uma comissão de moradores da Linha Geraldo busca 1,5 mil assinaturas em um abaixo-assinado para que, com apoio do município, busquem recursos para a pavimentação do trecho da estrada geral ainda sem asfalto. A comunidade é a mais afetada com o acidente ocorrido na BR-386 um mês atrás, pois passou a receber movimento constante de caminhões que usam o local como desvio da rodovia.

A liberação dos caminhões no sentido capital/interior, antes previsto para ocorrer terça-feira e transferido para este sábado, dia 17, não traz alívio para os moradores, que acreditam que, mesmo com a ação, o tráfego pesado continuará. Por isso, a comissão segue se reunindo, algumas vezes com a presença do Executivo. “A CCR veio, revestiu um pouco a estrada, mas já tem buracos. Temos muitos outros danos recorrentes da situação. Brincamos que a BR-386 é a Geraldo agora”, comenta o morador Valdir Rasche, que integra a comissão.

Cerca de 500 famílias afetadas

“O levantamento que o secretário (da Agricultura) Douglas Sulzbach disse para nós é que mais ou menos 500 famílias das comunidades foram afetadas, assim como mais de 60 empreendimentos”, afirma Rasche. “Quando cai uma 386 no nosso colo, a gente espera que alguém ajude. Com essa comissão e auxílio do município esperamos conseguir unir forças para que esse asfalto aconteça, porque Estrela não tem dinheiro para fazer”, acrescenta.
Moradores também destacam que casas mais antigas estão sofrendo rachaduras por conta da vibração causada pelos caminhões de maior peso e que há muita preocupação com acidentes. “Essa semana um caminhão entrou em um pátio. O movimento agora, depois que colocaram o material de asfalto, piorou, porque eles estão andando mais rápido, mas como não conhecem a estrada, se perdem. Não sei como ainda não deu morte”, salienta Thilfonso Neumann.

Mudança na rotina

Bonifácio Luís Schneider (foto) reside bem em frente à estrada. Já viu de tudo, inclusive, caminhão atolado. Destaca que a poeira deu uma “melhorada” com a colocação do material de asfalto, mas que causa preocupação para a saúde. Além disso, a rotina mudou. “Hoje, às 4h começou o movimento. Eu e a esposa levantamos às 5h, porque não tem como, a janela fica muito perto. E mantemos tudo sempre fechado. Tenho plantado capim para as vacas e nem coloquei mais adubo porque as vacas não querem comer, tem muita poeira.”
Além disso, Schneider comenta que a situação afeta cabos de telefone que já foram arrancados e até o abastecimento de água, porque o peso dos caminhões estraga a canalização. “Quando a gente começou a pleitear o asfalto, já sabíamos que o movimento ia aumentar. Mas é que isso antecipou nossa preocupação”, disse. “O problema não é só antecipar, mas sim nas condições que aconteceu, porque a estrada já estava ruim”, acrescenta Rasche.
“O secretário disse que a duração do nosso asfalto já diminuiu pela metade. Nossa preocupação é quem vai arrumar isso depois, se já é uma dificuldade conseguir o asfalto para o resto que falta”, comenta.

Entrega prejudicada

Quem transita pela estrada nota a presença da poeira nas plantas. Uma destas plantações atingidas, de milho, é de Alencar Doebber, que também possui produção independente de suínos e é um dos maiores produtores da Geraldo. “A poeira afetou muito, como o milho vai se proliferar? Outra questão é o transporte de suínos. Eu terceirizo, mas com esse transtorno, também acrescentou um pouco de custo e quem paga tudo é nós. Além disso, tem um fornecedor de proteína de Cruzeiro do Sul que não quis me entregar, porque disse que demoraria demais para vir, daí precisei ir lá.”

Prejuízo nas vendas

Alexandre Diesel e a esposa Roselaine Schmidt são proprietários da Agrosalsicharia Diesel. Desde o acidente, o casal notou uma diminuição de 70% nas vendas. “Fim de semana estamos na feira, mas durante a semana tínhamos muitos de Estrela e Lajeado que vinham. Eles falam que o trânsito está perigoso e não querem correr riscos”, comentam. O fechamento da ponte da São José também atrapalha. “Agora para ir para o Centro e fazer as entregas dos produtos nos mercados é quase o dobro de quilometragem. Estou tentando segurar o aumento no produto, mas nosso lucro caiu”, afirmam. Mesmo prejuízo foi notado na Agropecuária Beija-Flor. “Notei 30% de queda, porque ninguém quer passar no meio dos caminhões”, diz o proprietário Ademir Fell.

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