Valorizar o protagonismo das mulheres do campo é o propósito do encontro organizado pela regional sindical do Vale do Taquari e Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), de Estrela. A expectativa é reunir pelo menos 600 trabalhadoras de 23 municípios da região.
A programação ocorre na terça-feira, 8, a partir das 9h, no Centro Comunitário Cristo Rei. A atividade alusiva ao Dia Internacional da Mulher marca também a retomada dos encontros presenciais das trabalhadoras rurais. Entre os destaques do evento, momentos motivacionais, almoço de integração, baile, venda de artesanato e palestra sobre violência contra a mulher.
Com o tema “Sem as mulheres a luta vai pela metade” o encontro regional visa também reconhecer a atuação no campo e alinhar o trabalho do movimento sindical. De acordo com a secretária do STR de Estrela e, integrante da comissão organizadora, Ana Beatriz Eidelwein, além do viés de confraternização, o evento visa compartilhar informações e expor os principais desafios.
Na avaliação de Ana Beatriz, faltam políticas públicas por parte dos governos para incentivar a permanência das jovens nas propriedades e viabilizar a produção diante do cenário de estiagem. “Queremos ainda, sensibilizar as autoridades para que prestem maior suporte ao setor primário.”
Entre as ações já desenvolvidas pelas entidades sindicais nos municípios, Ana Beatriz reforça a retomada de cursos e atividades técnicas para qualificar as trabalhadoras rurais. Ela destaca ainda, a importância da qualificação que faz as mulheres assumirem a liderança das propriedades e participarem da gestão.
Protagonismo no campo
Durante seis anos a jovem Aline Sulzbach, 26, conciliou o trabalho na propriedade rural com os estudos. Em 2019, concluiu o curso superior em Agronegócio e passou a se dedicar de forma integral à atividade leiteira.
A propriedade da família, no interior de Estrela, possui gestão compartilhada. Após o almoço, Aline se reúne com os pais, o esposo, irmãos e cunhadas. A atualização diária dos custos de produção compõem o planejamento financeiro e as perspectivas de investimentos.
“A qualificação em Agronegócio me ajudou na gestão da fazenda e abriu muitas portas ao meu desenvolvimento”, conta. Aline cita ser fundamental este preparo diante do momento desafiador para quem trabalha no campo. Segundo ela, o mercado exige produtos de qualidade. Para alcançar esses padrões, reforça a necessidade de tecnologia e investimentos constantes.
A jovem produtora, que assumiu o protagonismo na propriedade da família, comenta também dos impactos da pandemia no meio rural. “Houve uma escalada de preços dos insumos, mas o produto que entregamos para a indústria não acompanhou esses reajustes.”
Aline alerta ainda, sobre o risco do desabastecimento alimentar se não houver maior valorização dos produtores. “Se nós não plantarmos, a cidade não terá o que comer.”
