Jornal Nova Geração

BOM RETIRO DO SUL

Formação apresenta técnicas para resgate em cheias

Curso teve o objetivo de preparar representantes de defesas civis e voluntários para atuação em enchentes. Instrutor português, considerado referência no assunto, aplicou as aulas

Atividades práticas ocorreram em uma das rampas de acesso ao Rio Taquari, no Centro Cidade Baixa (Foto: Jhon Willian Tedeschi)

O município sediou nessa semana um curso para busca e salvamento em cheias urbanas. A formação foi voltada a integrantes de defesas civis, e contou com a participação de representantes dos grupos de Bom Retiro do Sul, Roca Sales, Estrela e Lajeado. A organização foi da Associação Gaúcha de Resgate e Salvamento (Asgresci), que tem sede em Teutônia.

O principal objetivo foi preparar entes civis para as ações, em eventuais ocorrências de cheias. Sobretudo como uma forma de alinhamento com pessoas voluntárias em resgates nesses eventos. A base do treinamento foi o manual europeu, elaborado por 16 países, que apresentaram contribuições dentro da realidade de cada local.

O instrutor foi o português Francisco Rocha, pós-graduado em salvamento técnico e socorro, e que dirige a Escola Portuguesa de Salvamento e atua na Associação Europeia de Equipes Voluntárias de Proteção Civil.

ENTREVISTA

“Conheço técnicas da água, mas as melhores pessoas para conhecer o rio são vocês”

Francisco Rocha – diretor da Escola Portuguesa de Salvamento

Jornal Nova Geração: Qual a dinâmica com o grupo, dentro do treinamento?
Francisco Rocha: Em um primeiro momento, ensinamos os participantes a saber lidar e identificar os riscos do rio, saber interpretar os caminhos do rio, onde a água vai correr, onde as vítimas podem ficar presas. Por isso nós identificamos que são os riscos do rio. Depois avançamos para as técnicas de sobrevivência, que é ensiná-los a estar dentro da água. Caso os próprios socorristas venham a ser arrastados pelas enchentes, que eles possam sobreviver no rio, saibam ser arrastados e se posicionem para ser salvos, se virar o barco ou caírem na água. Temos outro componente que é saber salvar, onde ensinamos várias manobras baseadas em técnicas de baixo risco, que utilizam a própria embarcação e a margem do rio, para não precisar entrar na água. E passamos para técnicas onde é necessário estar na água, dentro de regras de segurança baseadas em não-natação. Por fim, as técnicas que envolvem natação, quando nada mais funcionou.

O quanto é importante esse tipo de treinamento, diante do cenário que a região apresenta?
Rocha: Eu estive aqui no ano passado, quando a região estava em seca. Agora é uma diferença enorme, com enchentes gravíssimas em setembro e agora em novembro, além da previsão de outras enchentes. Na realidade, nós tentamos sensibilizar a parte operacional, de intervenção, e também as pessoas. Nunca vamos conseguir evitar a vinda das cheias, temos que aprender a conviver com elas. Aprender uma forma de trabalhar em nosso favor e preparar as comunidades para lidar com a água de uma forma segura. Fazemos isso de uma forma descontraída. Eu costumo dizer, ‘conheço técnicas da água, mas as melhores pessoas para conhecer o rio são vocês. Os perigos, vocês vão identificar’.

Compartilhar conteúdo

PUBLICIDADE

Sugestão de pauta

Tem alguma informação que pode virar notícia no Jornal Nova Geração? Envie pra gente.

Leia mais: