Jornal Nova Geração

OPINIÃO

Fraternidade é saúde

"É impossível cuidar da vida sem alimentar quem tem fome"

Passado o Carnaval, o Brasil entra na normalidade do ano. Porém, a vida segue o compasso da mudança e da transformação continuamente. Para os cristãos, terminado o Carnaval, inicia a Quaresma. E a Igreja, na Quarta-Feira de Cinzas, lança a Campanha da Fraternidade – CF – que sempre tem sua fonte no Evangelho e, consequentemente, encaminha para ações de fraternidade.

Lembremos o que São Tiago nos diz: “A fé sem obras é morta”. O tema deste ano é FRATERNIDADE E FOME. E o lema, DAI-LHES VÓS MESMOS DE COMER. O lema é tirado do Evangelho de Mateus 14,16, quando uma multidão segue Jesus e os discípulos sugerem que Jesus despeça as multidões para comprarem comida. E Jesus lhes diz: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”.

O texto bíblico deixa claro que o problema da fome não é uma questão de quem sofre esta necessidade, mas é uma questão social. É responsabilidade de quem defende a vida.

Na RSDP – Rede de Saúde da Divina Providência, a CF está posta como uma oportunidade e um compromisso de todos os colaboradores.

O propósito da RSDP é o CUIDADO AMOROSO À VIDA. É impossível cuidar da vida sem alimentar quem tem fome. Toda criatura humana, mas também os animais e vegetais, precisam de água e alimento. No mundo e, especialmente, em nosso país, é dramática a realidade da fome. E ninguém pode dizer que não tem culpa pelos 80% da humanidade obrigada a viver com apenas 20% dos recursos disponíveis. O Brasil, a cada ano, celebra recordes na produção e exportação de grãos e carnes. E grande parte do povo passa fome. Os dados estatísticos revelam que, em 2022, apenas 41,3% dos domicílios brasileiros tinham segurança alimentar. Significa que do total de 211,7 milhões de brasileiros, 125,2 milhões convivem com alguma insegurança alimentar. Dentre eles, 33 milhões enfrentam a fome.

Os fatores climáticos, as guerras e os desastres naturais impactam, mas não constituem as únicas causas da miséria e da fome no Brasil e no mundo. Outras causas: a histórica estrutura fundiária, a política agrícola, o desemprego e subemprego, a política salarial… Não é só o preço do alimento que é alto. É o salário que é baixo. Dados de 2020 revelam que a renda de 28 mil pessoas privilegiadas somava R$ 371 bilhões, enquanto que o rendimento obtido por 89 milhões de brasileiros era de R$ 383 bilhões.

A fome desestabiliza e desestrutura a família. Lembramos também que não é possível garantir segurança alimentar sem água; que o problema da fome coexiste com o problema de moradia e que a saúde física e mental escorrega na ladeira da fome. A memória, a capacidade de atenção, a aprendizagem são, diretamente, afetadas na criança que passa fome. Alimentos ultraprocessados e com excesso de gordura saturada são mais baratos, razão pela qual os pobres são os que mais os adquirem. São os obesos desnutridos.

No Brasil, inúmeras ações, ontem e hoje, são organizadas para alcançar alimento a quem tem fome. E ao nosso alcance estão muitas ações para participar desta CF: partilhar o pouco ou o muito que se tem com aqueles que mais necessitam; converter o resultado do abster-se de algo em favor do outro; fazer o reaproveitamento saudável do alimento; revisar o próprio estilo de vida e de alimentação; colaborar nas campanhas de arrecadação de alimentos para quem passa fome; engajar-se, voluntariamente, nas instituições que arrecadam, organizam e distribuem alimentos; reconhecer pessoas/famílias necessitadas e comprometer-se com alguma ajuda.

O cristão não terceiriza o serviço da caridade. Diante da fome é Jesus que continua nos pedindo “dai-lhes vós mesmos de comer”.

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