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Frio estimula lojistas e aumenta perspectiva de vendas no inverno

Entidade que representa comércio em Estrela prevê um aumento vinculado à inflação, enquanto empreendedores chegam a estimar crescimento de até 15% na demanda. A projeção em nível estadual chega aos 10%, atrelada ao cenário econômico nacional

Preparação das vitrines dá a tônica da expectativa dos lojistas em incrementar as vendas a partir das baixas temperaturas. Crédito: Jhon Willian Tedeschi

A chegada das baixas temperaturas entrega aos lojistas mais uma possibilidade de aumento nas vendas. Para estabelecimentos voltados ao comércio sazonal, que depende das estações do ano, o inverno que inicia na próxima quarta-feira, 21, representa a saída de itens com maior valor agregado, sobretudo no vestuário.

A Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Agronegócio (Cacis) de Estrela trabalha com a reposição da inflação oficial para calcular um incremento nas vendas. O acumulado nos últimos 12 meses, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou em 3,94%, nas informações calculadas em maio.

O vice-presidente de Comércio da entidade, Leandro Kremer, explica que o comportamento do consumidor nessa época do ano está condicionado ao termômetro. “Por mais que se tenham os melhores profissionais nas lojas, o frio é o melhor vendedor.” A semana que passou foi a mais fria do ano até o momento, com temperaturas inferiores aos 5°C em alguns pontos.

Até então, o cenário era de insatisfação entre alguns lojistas. Com itens da coleção inverno em estoque desde o início do ano, a perspectiva era começar as vendas ainda em abril, mas o clima não ajudou. Muitos dos feedbacks para a Cacis foram neste sentido, aponta o vice-presidente. Pelo menos duas datas que apontavam para um maior movimento no comércio acabaram prejudicadas pelo “atraso” no frio.

Os dias das mães e dos namorados, que estimulam a busca por presentes e eventualmente são em épocas com menor temperatura, tiveram um cenário diferente, o que mudou o perfil da compra. “Quem buscou por roupas e calçados optou por itens mais leves, de menor preço”, analisa Kremer.

A partir da queda na temperatura, o fator necessidade surge como determinante. Para Kremer, uma avaliação possível é que a moda masculina deverá incrementar os números, diante do aspecto comportamental. “Os homens realmente só compram quando precisam”, diz.

Outro aspecto considerado para a expectativa do comércio está nos preços dos produtos da estação mais fria do ano. “São peças de maior valor agregado, que aumentam o ticket médio das vendas”, argumenta Kremer. O volume deve aumentar ao longo de junho e em julho, com retração prevista a partir disso. “Em agosto se compra menos”, pondera.

Oportunidade nas promoções

Kremer é proprietário de uma loja de itens infantis e destaca que o fluxo de vendas está no mesmo patamar de 2022. A projeção de aumento varia entre 10% e 15%, mas ele destaca que no mercado infantojuvenil as compras são antecipadas, para que os guarda-roupas estejam renovados antes da queda nas temperaturas.

O comércio de vestuário para adultos demorou a ter um movimento maior, o que fez algumas lojas ofertarem condições especiais para atrair clientes. A Casa Americana, no centro de Estrela, iniciou uma campanha para artigos de inverno, onde concede descontos para pagamentos à vista e dá brindes para quem comprar a partir de R$ 500. “Alguns estabelecimentos utilizam a estratégia de promoções para mobilizar o público consumidos”, realça Kremer.

Desafios financeiros

Proprietária da Loja Popular, também em Estrela, Elis Carard Finck endossa o discurso da entidade, sobre os desafios enfrentados pelo comércio local. “Sempre que o inverno atrasa, sem o frio mais intenso por vários dias, acaba tornando maior a dificuldade, principalmente pela questão de diferença de preço dos produtos da linha inverno em relação ao verão ou meia-estação.”

A comerciária destaca o aspecto financeiro, impactado pelo baixo volume de vendas. “As lojas acabam vendendo produtos que não agregam valores maiores e pagando boletos de valores elevados referentes à compra de inverno”, pontua. Elis acrescenta que a reposição de produtos fica prejudicada pela incerteza ligada ao clima. “A tendência é prorrogar o frio, enquanto as fábricas iniciam a produção da nova coleção aguardando a virada de estação”, conclui.

Busca pela evolução

A expectativa para Tito Dalpupo, proprietário da Tito e Josi Presentes, de Bom Retiro do Sul, é aumentar a carta de clientes. No entanto, um momento que teve boa repercussão no ano passado, mas que neste ano não atraiu tantos clientes, o Dança Bom Retiro, reduziu as vendas pela metade. “Pelo frio que foi em 2022, o pessoal saía do evento para comprar moletons, para aguentar até o final”, lembra.

O preparativo para 2023 foi para ter um estoque maior e a redução na temperatura influenciou diretamente neste aspecto. “Com a queda brusca da temperatura tivemos uma queda brusca também no nosso estoque. Estávamos esperando por esse frio, que esse ano chegou mais tarde, mas valeu a pena. Antes tarde do que nunca, né?”, afirma.

ENTREVISTA

Vítor Augusto Koch – presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS)

“A expectativa para este ano é de incremento das vendas”

Jornal Nova Geração: Como o inverno influencia no comportamento do comércio, em especial com as características do RS?
Vítor Augusto Koch: O inverno, tradicionalmente, é um período de boas vendas para o comércio gaúcho. Como a característica do nosso estado é de dias muito frios na estação, há uma grande procura por artigos que ajudem a amenizar as baixas temperaturas. Importante salientar que os lojistas estão sempre preparados para ofertarem ações que beneficiem os consumidores e despertem neles o desejo da compra, como promoções que englobam preços e prazos acessíveis, além de viabilizar uma experiência de compra única e personalizada.

NG: Os varejistas podem esperar um incremento nas vendas com a chegada do frio e as projeções climáticas?
Koch: As mudanças climáticas ao longo dos anos têm feito com que invernos mais gelados sejam menos frequentes no Rio Grande do Sul. Nesse 2023, com a perspectiva de influência do fenômeno El Niño, indicações meteorológicas apontam que as massas de ar frio em junho, julho e agosto deverão se intercalar com períodos mais aquecidos. Além disso, a estação deve ser marcada por grande umidade.
Mesmo com a projeção de uma variação térmica bastante acentuada, o Rio Grande do Sul, por ser o estado mais Meridional do país, sempre tem períodos em que o frio é intenso. Desta forma, a expectativa para esse ano é de incremento das vendas dos produtos mais procurados pelos consumidores. 2022 já teve uma boa resposta nas vendas de artigos como roupas, calçados e acessórios. O volume de vendas chegou a casa do R$ 1 bilhão. Neste 2023, existe a perspectiva de incremento das vendas, algo entre 8% e 10% na comparação com o inverno do último ano. O atual cenário econômico do país, com diminuição dos índices inflacionários e a antecipação dos 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS, para o início de junho e de julho, o que injeta mais dinheiro circulante na economia, permite aos lojistas terem uma expectativa de resultados positivos na comercialização de produtos que ajudam a amenizar os dias frios.

NG: Existem itens que se destacam nessa oferta de itens para o frio, ou mercados específicos onde lojistas possam apostar?
Koch: No inverno, historicamente, o segmento de vestuário apresenta um crescimento de quase 10% nas vendas em comparação com estações intermediárias, como outono e primavera. É um período em que blusões, malhas, moletons, cobertores, pantufas e pijamas, entre outros artigos, são muito procurados pelos consumidores. Portanto, é um segmento que apresenta boa lucratividade nessa época do ano. Outras alternativas de aquecimento, como lareiras, aquecedores, fogões a lenha e aparelhos de ar-condicionado, ajudam a impulsionar a comercialização do segmento de móveis e eletrodomésticos.

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