Avaliação de danos e atos de solidariedade marcam os dias que sucedem uma das maiores enchentes da história do município, após a enxurrada da quinta para a sexta da semana passada. O tempo estável entre sábado e terça possibilitou a volta para casa e a reorganização das famílias impactadas. A administração municipal presta auxílio aos mais atingidos e busca soluções aos problemas de infraestrutura e de mobilidade urbana.
O governo decretou situação de emergência nessa quinta-feira, 22, e aguarda reconhecimento do Estado. O decreto possibilita o acesso mais ágil a recursos estaduais e federais para as obras de conserto. Conforme o Executivo, a expectativa é que o reconhecimento ocorra nas próximas horas, visto que o Piratini já acenou que facilitará o processo aos municípios mais atingidos.
Estragos em vias, pontes e deslizamentos mobilizaram a equipe de engenharia. Interditada ainda na sexta-feira, a ponte sobre o Arroio Posses, entre Teutônia e Paverama, passou por vistoria técnica e, foi liberada para tráfego na manhã da segunda-feira, 19. A avaliação é que as rachaduras constatadas são superficiais e não representam risco aos usuários.
Já a ligação entre as localidades de Linha Pontes Filho e Linha Clara, que teve as cabeceiras danificadas, voltou a ser liberada ao tráfego na quarta-feira, 21. Conforme o secretário de Planejamento e Mobilidade Urbana, Pablo Chrestani, foi feita análise para elaboração de projeto para reparos na pavimentação e reconstrução do guarda-corpo, o que não tem previsão de ser concluído.
Entre as vias mais prejudicadas está a ERS-419, que liga a Poço das Antas. Além de diversos buracos ao longo do trecho, houve um desmoronamento a cerca de 500 metros da Associação dos Funcionários da Languiru. A pista segue parcialmente bloqueada.
Trata-se do ponto de maior preocupação, pois já havia problemas decorrentes de outras enxurradas e consiste em via bastante utilizada por veículos pesados. Funcionários da Construtora Giovanella atuam desde quarta-feira no local.
Também houve desmoronamento e interrupção na estrada da Linha Gamela; prejuízos na ponte sobre o Arroio Boa Vista, na Linha Wink; danos na Ponte sobre o Arroio Posses; deslizamento e interrupção na estrada de Linha Harmonia Fundos e Linha Herval, além da destruição total de uma pequena ponte de madeira sobre o Arroio Boa Vista, na localidade conhecida com Transamazônica.
Central de doações
Para receber mantimentos e organizar a distribuição, a Secretaria Municipal de Assistência Social utiliza o ginásio da Escola Guilherme Sommer desde sexta-feira à noite. Ao longo do fim de semana, foram arrecadados roupas, cobertores, móveis, alimentos e eletrodomésticos para ajudar os moradores que perderam bens com a cheia.
Conforme balanço do município, mais de 50 famílias sofreram impactos e dez perderam praticamente tudo o que havia na residência. Os itens de maior necessidade no momento são produtos de higiene e de limpeza e móveis, como cama de casal, cadeiras, balcão de cozinha, fogão a gás, estantes, guarda-roupas e máquinas de lavar roupas e geladeiras.
Conforme a vice-prefeita Aline Röhrig Kohl, as pessoas que quiserem efetuar as doações podem acionar a Assistência Social para o recolhimento dos itens em domicílio e entrega às famílias conforme cadastro de prioridades. “Estamos com duas equipes na rua, buscando e já encaminhando às pessoas que cadastraram aqui o que precisam, para que elas consigam se restabelecer”.
“Nosso povo deu um show de solidariedade aqui em Teutônia. Municípios vizinhos, como Poço das Antas, também trouxeram arrecadações. A gente só tem a agradecer”, diz Aline. O Corpo de Bombeiros Voluntários de Imigrante e Colinas (Imicol) também organizou campanha para arrecadar itens de vestuário, cama e banho, e alimentos.
Transtornos na microrregião
Outro deslizamento de terra ocorreu na Linha Ano Bom Alto, em Colinas. Conforme relatos de moradores, a movimentação no solo iniciou ainda na madrugada da sexta, e o trecho próximo ao Centro Comunitário da localidade foi parcialmente interditado.
Ao longo da semana uma equipe de geólogos voltou ao local para fazer avaliações e monitorar o ponto. “Temos áreas com risco de desmoronamentos, o que está sujeito a afetar residências”, pontua o responsável pela Defesa Civil do município, Edelbert Jasper.
Na vizinha Imigrante, o principal bloqueio por acúmulo de água foi na Linha Ernesto Alves e deixou alguns moradores isolados. Foi o caso de Evandro Funcke, que teve transtornos para levar a esposa ao centro da cidade. “Desde 2020 não ocorria uma enxurrada tão grande”, lembra. A alta no nível do Arroio da Seca interrompeu a passagem pela VRS-843, para quem acessa por Colinas.
A poucos metros dali, próximo a antiga Laticínios Hollmann, um micro-ônibus com trabalhadores do setor avícola, ficou preso no começo da manhã. Uma equipe da administração de Imigrante e dos Bombeiros Voluntários Imicol atuaram no resgate dos tripulantes.