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CONEXÃO

Há 38 anos, referência na formação de professores

Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã celebra quase quatro décadas de atuação no Vale do Taquari. Escola atende mais de 200 alunos e oferece regime de internato para estudantes de outras cidades

Desde 1986, o Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã atua na formação de professores. Estudantes do Vale do Taquari e de outras regiões vão ao internato na busca pelo ensino de referência (Foto: Karine Pinheiro)

Uma das únicas escolas públicas de Ensino Normal que oferece regime de internato celebra quase quatro décadas como referência na educação e formação de professores. O Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã (Ieeem) foi criado oficialmente pelo Estado em 30 de maio de 1986. Desde então, milhares de alunos saíram habilitados para atuar nas salas de aula.

Além de atender os municípios do Vale do Taquari, a escola recebe alunos de outras regiões e registra matrículas de adolescentes vindos de Santa Cruz do Sul, Brochier e Dois Lajeados. Ao total, cerca de 220 alunos circulam pelas dependências do Ieeem a cada semana. Destes, pelo menos 120 ocupam os alojamentos oferecidos pela instituição. Além disso, a escola oferece curso de formação complementar ao Ensino Médio.

A diretora Marisa Görgen relata uma rotina diferente das demais escolas. As aulas iniciam na tarde de segunda-feira e vão até a manhã de sexta-feira. De modo geral, os dias dos estudantes começam cedo. O café da manhã é servido a partir das 6h30min e os alunos têm até o horário da aula para concluírem a refeição e se organizarem.

Embora os estudantes precisem se adaptar às práticas exigidas, a equipe conta com funcionários de longa data para dar o suporte para o funcionamento da instituição. Faz quase 20 anos que Lusiane Gomes dos Santos vai diariamente ao Ieeem. Já ocupou cargo de servente, foi monitora escolar no período da noite e hoje atua com serviços protocolares.

Os anos de dedicação trouxeram para o dia a dia a sensação de se sentir em casa. “Completo duas décadas em seis de outubro. Parecemos uma família, nos acostumamos com os alunos que vivem aqui e acompanhamos eles”, relata Lusiane. A filha, Manoela Gomes dos Santos, também passou pelo Ieeem como aluna e segue carreira na docência. “Ela aprendeu muito e amadureceu aqui”, afirma.

A diretora destaca que pelo menos 80% dos egressos buscam complementar a formação obtida na escola. “Tem alunos que seguem no magistério, outros vão para outras áreas, mas leva o aprendizado do Estrela da Manhã”, ressalta. Além disso, a instituição possui ex-alunos no corpo docente.

A história da instituição de ensino teve início em 1956. As atividades foram iniciadas com a criação da Escola Normal Rural, pela Arquidiocese de Porto Alegre. Atualmente, a escola oferece Ensino Médio Curso Normal em turno integral e Aproveitamentos de Estudos à noite (Foto: Karine Pinheiro)

Professores que voltam

Marisa também passou pelas salas de aulas da instituição como aluna. “Sou fruto desta casa. Fiz aproveitamento de estudos quando era o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Professores (Cfap). Fui nomeada no Estado em 1996 e há 12 anos fui chamada para substituir uma professora por um período”, relata. Desde então a professora formada em Ciências Matemáticas passou a fazer parte do quadro efetivo da escola.

A um ano e meio de encerrar o segundo mandato como diretora, ela destaca que estar na equipe de diretiva modifica a visão de como é feito o trabalho no regime de internato. “O currículo escolar exige bastante dos alunos. São aulas no período da manhã e da tarde, fora o suporte que oferecemos fora da sala de aula. Cuidamos deles até o momento em que vão embora”.

Carlise Batista do Amaral reconhece os cuidados descritos pela diretora. Ela iniciou os estudos no Ieeem há mais de 20 anos e fez três que retornou à escola, desta vez, no comando das salas de aula. “Não era meu sonho ser professora, mas quando estudei aqui, fui me apaixonando por essa realidade. Voltar para a escola onde aprendemos como professor é como voltar o colo da mãe”, conta.

Antes de retornar, ela atuou na Educação Infantil, Anos Iniciais e Finais. A oportunidade de dar aula no Estrela da Manhã trouxe junto o entusiasmo de trabalhar na escola em que aprendeu a lecionar. “É uma oportunidade de fazer por outros alunos o que um dia fizeram por mim. É uma responsabilidade grande formar a continuação da nossa profissão. Por vezes me senti insegura, mas hoje vejo o quão gratificante é estar nesta instituição”, afirma Carlise.

Aproximação com o aluno

Devido a passagem como aluna no Estrela da Manhã, a professora de biologia salienta que a possibilidade em entender a rotina dos estudantes. Na avaliação dela, o contato vai além da sala de aula, visto que a escola se torna “casa” dos alunos. ‘Nos tornamos uma família. Quando eu estudava tinha essa visão. É aqui que eles passam a maior parte do tempo. Conversar sobre isso é importante, porque sabem que já passamos pelo mesmo”, comenta.

A escola é lembrada com carinho pelos estrelenses. Na opinião da diretora, o motivo é a atenção com os alunos. “Esse é o nosso diferencial. Ficamos mais envolvidos nesses cuidados. Participamos de ações na cidade e a comunidade enxerga isso. Além do diferencial que a habilitação em magistrado dá na docência”, conclui Marisa.

Da comunidade ao magistério

A história da instituição de ensino teve início em 1956. As atividades foram iniciadas com a criação da Escola Normal Rural, pela Arquidiocese de Porto Alegre. Além das matérias didáticas, disciplinas de técnicas agrícolas e atividades práticas na granja faziam parte do currículo.

Após este período, o local passou a ofertar cursos de licenciatura curta, instituindo a Fundação Estrela da Manhã para Ensino Superior (Femes). Os cursos eram oferecidos em parceria com a Universidade de Passo Fundo. Cerca de 700 professores se formaram pelo programa que teve fim em 1976.

Entre 1978 e 1986, a Secretaria de Educação e Cultura do RS implantou o curso de Professores Leigos com a instituição do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Professores (Cfap). Desde então, a escola conta com Ensino Normal.

Foto: Acervo Aepan

LINHA DO TEMPO

  • O Instituto surgiu sob a nomenclatura “Escola Normal Rural Estrela da Manhã”, em 1956. O espaço era mantido pela Arquidiocese de Porto Alegre com o objetivo de formar professores e líderes comunitários na região.
  • A Secretaria de Educação do RS implantou o curso de “Professores Leigos” entre os anos 1978 a 1986.
  • O estado reconheceu a instituição como Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Professores (Cfap) em 30 de maio de 1986, data que marca o aniversário da escola.
  • O Cfap foi convertido no Instituto Estadual de Educação Estrela da Manhã em 19 de abril de 2000. Quase 200 alunos cursaram magistério naquele ano.
  • Atualmente, a escola oferece Ensino Médio Curso Normal em turno integral e Aproveitamentos de Estudos no turno da noite.
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