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homenagem

Ícone da educação em Colinas ministrou aulas por mais de 50 anos

Gudrun Ahlert Rahmeier leciona desde os 15 anos e coleciona histórias sobre sua trajetória na educação do município

Retrato da educação em Colinas, Gudrun Ahlert Rahmeier, foi professora por mais de 50 anos. Gudrun começou a dar aulas em 1956, aos 15 anos de idade e se aposentou em 2010. Sua primeira experiência foi na Escola 7 de Setembro, na linha Ano Bom do antigo distrito de Corvo, hoje Colinas.

Seu pai, Guillebaldo Ahlert, era professor nesta escola e tinha em suas turmas muitos alunos. Gudrun conta que nunca pensou em ser professora, porém seu pai pediu sua ajuda. Conforme ela dava aulas, seu amor pelo magistério crescia.

Para se aperfeiçoar, a professora fez um curso de formação geral, após concluir o ensino normal (ensino médio) com ênfase em magistério e uns anos mais tarde ingressou no curso de Estudos Sociais (história e geografia) na Univates.

Quando o pai foi dar aula na Escola Evangélica Ipiranga, Gudrun o acompanhou. Aos poucos assumiu as salas de aula e lecionou também sobre ensino religioso e alemão. A professora deu aula por cerca de 30 anos na escola Ipiranga e esteve à frente da direção por quase 20 anos.

Gudrun (ao meio) acompanhava as aulas do pai desde pequena

Trajetória em sala de aula

A professora começou a dar aulas a pedido do pai. Ele tinha muitas turmas da 1° a 6° série e precisava de auxílio. Mesmo sem nunca ter pensado em ser professora, ela acatou o pedido de ajuda.

Gudrun começou a lecionar para os alunos de 1° a 4° série. Aos poucos seguiu os passos do pai. Fez o curso de formação geral e, alguns anos depois, foi fazer Estudos Sociais na Univates. “Aos poucos comecei a sentir que precisava de algo a mais e sentia que eu precisava continuar dando aula”, afirma.

Depois que o pai faleceu, Gudrun assumiu a direção da Escola Ipiranga. Além de assumir mais esta responsabilidade, continuou com as aulas para suas turmas.

Para Gudrun, o maior desafio na época era manter o giro financeiro, já que a escola era particular. A professora lembra que nem sempre havia dinheiro suficiente para pagar os professores em dia.

Quando a escola chegou em um momento financeiro crítico, foi aberta uma votação para a escola de tonar pública. A professora lembra que incentivou os pais para votassem a favor, para que a escola pudesse ser salva. “Eu sabia que lá dentro muita coisa ia mudar, mas eu precisava que isso acontecesse” afirma.

Gudrun relata que tinha um carinho especial pela escola Ipiranga e ficou triste com o fechamento. “Eu entrava de manhã, no escuro, e saia de noite, no escuro também, e de repente não era mais responsável por aquele espaço” lamenta.

De 2000 a 2010, a professora trabalhou na Escola Estadual de Ensino Médio de Colinas, onde se aposentou. A professora tinha um apego especial às séries iniciais. Para ela, a alfabetização é algo lindo de se acompanhar.
A professora diz que mesmo que hoje seja difícil dar aula, em Colinas não seu houve muitos casos de desobediência dos alunos. “A educação não pode parar, tem que dar certo e as coisas vão voltar a mudar”, espera.

A professora se formou em Estudos Sociais, em 1978

Aposentadoria

Gudrun relata que foi informada de sua aposentaria por uma ligação da Coordenaria Regional de Educação (CRE). “Fiquei pensando o que faria. O normal seria comemorar, mas eu não poderia largar aqueles alunos”, lembra. Como era início de dezembro, ela pôde terminar o ano letivo.

Ao sair da escola, no último dia, haviam pais na recepção para pegar o boletim de uma aluna. Ela lembra que o boletim da Michele foi o último que ela entregou. Depois da aposentadoria, a professora ministrou aulas particulares até 2020.

Concurso de Leitura

Gudrun conta que as escolas costumavam participar de concursos de leitura. Os professores escolhiam textos e traduziam para o dialeto alemão falado na região. Ela escolheu um aluno que já tinha familiaridade com esta linguagem, pois o avô era fluente.

A professora foi com este estudante para a competição, em São Leopoldo. “Chegou a vez do Sandro ler. Eles olhavam um para o outro e eu não conseguia identificar o que estava acontecendo”, lembra.
Ao final da leitura, Gudrum recorda que pediram para o aluno ler de novo. Conforme ela, Sandro leu o texto perfeitamente e eles saíram de lá vencedores do concurso.

Homenageada

Em maio deste ano, a professora foi homenageada pela câmara de vereadores de Colinas, por ter uma vida dedicada à alfabetização do município. Sandra Fusiger (PTB), que foi sua aluna, e Silvia Patrícia dos Santos da Costa (PTB), que entregaram flores e uma placa de cidadã honorária a ela.

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