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ECONOMIA

Julho registra mais demissões do que contratações no Vale

Influenciada por fechamento de postos de trabalho em frigorífico de Poço das Antas, região registra saldo negativo pelo segundo mês consecutivo. No ano, balanço do emprego formal permanece positivo

Maior parte das demissões está atrelada ao fechamento de frigorífico

Pela segunda vez no ano, a região fecha um mês com mais desligamentos do que admissões no mercado de trabalho. O saldo negativo de julho, com a extinção de 491 postos, é a pior marca do ano até o momento, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta semana pelo governo federal.

O desempenho negativo do Vale encontra explicações em duas cidades impactadas pela crise no setor da proteína animal. Só Poço das Antas, por exemplo, registrou o fechamento de 469 postos de trabalho, a maior parte deles ligados ao frigorífico da Languiru. Westfália também teve um resultado ruim, com 83 demissões a mais do que admissões.

Município mais populoso da região, Lajeado também fechou julho no vermelho na geração de empregos, com 53 postos extintos ao longo do mês. Apesar do bom resultado das indústrias locais, os setores do comércio (-12) e dos serviços (-78) foram determinantes para a primeira marca negativa de 2023.

Arroio do Meio, com 46 vagas fechadas, foi outro município a encerrar julho com saldo negativo. Mais nove cidades demitiram mais do que contrataram, segundo o levantamento do Caged. Os demais 25 municípios tiveram bom desempenho no mês, com destaque para Estrela, Roca Sales e Muçum.

Os resultados do Vale refletem o que ocorre também em nível estadual. O Rio Grande do Sul foi a única unidade da Federação a fechar o mês com queda no emprego formal, com 2,1 mil postos extintos.

Recolocação

Os números registrados por Poço das Antas não surpreendem a prefeita Vânia Brackmann, visto a grande quantidade de desligamentos do frigorífico após a interrupção do abate de suínos. Lembra, no entanto, que muitas dessas pessoas já se recolocaram no mercado de trabalho, em indústrias de outras cidades.

“Nós temos recebido muitas empresas da região solicitando essa mão de obra, que deixou de ter o trabalho aqui. Quem queria se recolocar de imediato, teve mais do que uma oportunidade. Somos uma cidade com dificuldade de acesso e é difícil trazer empresas do mesmo porte”, destaca a gestora, ao abordar também a aposta do Executivo em investir em empreendimentos menores.

Vânia lembra também que parte dos moradores de Poço das Antas que foram desligados do frigorífico receberam os valores devidos da rescisão, após a negociação entre cooperativa e sindicato, e conseguem se manter até encontrar um novo emprego.

“Financeiramente, estão seguros no momento e aguardam a resolução do caso. E como nossa realidade é muito voltada ao setor primário, alguns desses trabalhadores fazem bico nas propriedades, ajudando familiares”, frisa.

Acumulado

Apesar do resultado dos últimos dois meses, 2023 até agora é um ano de mais contratações do que demissões na região: 1,5 mil postos criados. O melhor desempenho foi registrado em fevereiro, seguido por abril e março. Só oito cidades do Vale possuem saldo negativo neste ano.

No país, no acumulado do ano, são 1,16 milhão de postos de trabalho criados, saldo positivo nos cinco grupamentos econômicos avaliados e em 26 das 27 unidades da Federação. O país tem um estoque total de 43,6 milhões de empregos formais, o maior número já registrado na série histórica.

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