Jornal Nova Geração

CRISE NA COOPERATIVA

Languiru propõe estágio de liquidação para manter operações

Procedimento é defendido para evitar bloqueios de contas e proteger patrimônio da cooperativa. Medida gera efeito suspensivo sobre as demandas judiciais de credores e permite “ambiente seguro para negociações”

Segundo informações extraoficiais, o valor do pedido de recuperação seria de R$ 456 milhões (Foto: Bianca Mallmann)

A diretoria da Languiru detalhou as ações e medidas recentes adotadas em coletiva de imprensa, na manhã da quinta-feira, 6, em Teutônia. Em assembleia extraordinária convocada para 18 de julho, os associados decidirão sobre o ingresso da organização em liquidação extrajudicial. A medida, prevista na Lei de Cooperativas, é proposta para permitir o avanço no plano de reestruturação.

Se aprovado, o processo de liquidação gera efeito suspensivo nas ações judiciais movidas por credores e impede o bloqueio de caixa. O objetivo é proporcionar um ambiente de segurança para as negociações em andamento, com proteção de patrimônio e manutenção das atividades. O período de liquidação tem duração de um ano e pode ser prorrogado por igual período.

A coletiva de imprensa teve a participação do presidente Paulo Birck, do vice-presidente Fábio Secchi e do consultor jurídico Evandro Weisheimer. Os três deixaram claro que a estratégia é ingressar no processo de liquidação com perspectiva de retornar ao status padrão posteriormente. Segundo eles, a liquidação não significa a extinção ou a paralisação da cooperativa.

Conforme Birck, o cenário financeiro se agravou nas últimas semanas, especialmente com o bloqueio de contas por meio de ações judiciais movidas por credores. O presidente afirmou que o ingresso em liquidação “é próximo passo desta proteção” ao patrimônio e aos recursos da organização.

Diante da impossibilidade de pagar funcionários, fornecedores e produtores, a Languiru entrou com pedido de medida cautelar de recuperação judicial com objetivo de desbloquear o caixa. O pedido foi deferido nessa quarta-feira, na Comarca de Teutônia.

“Todas essas medidas são parte de um plano que foi estruturado para conseguir trazer a Languiru de volta a uma estabilidade econômica e social”, complementou Secchi. Ele reiterou que o “patrimônio da Languiru é maior que a sua dívida” e que a cooperativa ainda tem atividades rentáveis, o que permite fazer frente aos seus credores e ao compromisso de quitar o passivo.

O que diz a lei

O procedimento de liquidação ocorre após a decisão pela dissolução, mas não de maneira instantânea. Ao liquidante, cabe a avaliação dos bens da sociedade para proceder a venda do que for necessário para, prioritariamente, o pagamento das dívidas. As eventuais sobras são distribuídas entre os associados.

De acordo com a Lei de Cooperativas (5.764/1971), o processo de liquidação que pode ser aprovado pelos próprios cooperativados tem efeito suspensivo sobre as demandas judiciais em geral. Conforme o artigo 76, a aprovação da liquidação em assembleia geral “implicará a sustação de qualquer ação judicial contra a cooperativa, pelo prazo de um ano”. O prazo poderá ser prorrogado por igual período.

Relembre

As dívidas da Languiru ultrapassam R$ 1,1 bilhão. No fim de maio, a diretoria anunciou plano de redução de operações e venda de ativos na tentativa de equilibrar as contas.

A reestruturação inclui encerramento de setores e negociações de frigoríficos, postos de gasolina, farmácias, agrocenters, supermercados e maquinário, entre outras estruturas.

Entre as medidas adotadas recentemente, o plano de ação para reverter a situação da Languiru contou com a venda do supermercado no Shopping Lajeado. O estabelecimento foi comprado pelo Grupo Passarela, de Concórdia, Santa Catarina. Em entrevista na semana passada à Rádio A Hora, Birck confirmou também as vendas do frigorífico de bovinos, localizado em Teutônia, à rede Zart e as operações do posto de gasolina de Westfália à Rede Passarinho.

A diretoria busca a renegociação das dívidas e ampliação de prazos para pagamento. Outro ativo em negociação é o frigorífico de suínos em Poço das Antas, que interrompeu as atividades nesta semana. Conforme o presidente da cooperativa, há duas empresas nacionais em tratativas para compra da estrutura avaliada em R$ 160 milhões.

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