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Mais de 8% da população vive em situação de pobreza na microrregião

Estudo revela que 5,7% das pessoas estão em condições de pobreza extrema, conforme dados do Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social. Gestores trabalham para diminuir indicadores. Imigrante possui o menor percentual (2,4%)

Usuários passam a receber Bolsa Família neste mês. Crédito: Claudineia do Santos Alves

Com registro de 10,1% da população de Estrela em situação de pobreza e extrema pobreza, ante aos 7,5% registrados no ano anterior, o município é o terceiro com maior índice. À frente estão Fazenda Vilanova, com 13,3%, e Bom Retiro do Sul, com 11,2% da população em situação de vulnerabilidade. Na microrregião, a pobreza atinge cerca de 8,3% das pessoas.

Na avaliação da secretária de Desenvolvimento Social e Habitação de Estrela, Renata Cherini, ocorre a alteração do índice por vários fatores, entre desemprego, informalidade e falta de qualificação profissional para este público que possui limitações para acessar o mercado de trabalho.

Outro fator, segundo ela, é o cadastro é autodeclaratório e com isto, situações para acesso ao sistema e aos benefícios disponíveis. Ela destaca que para trabalhar na diminuição dos indicadores, é necessário agir de forma preventiva e com incentivos aos estudos e ao mercado de trabalho. A secretária também ressalta que políticas públicas devem incentivar o desenvolvimento da população e das famílias cadastradas

“No momento em que as pessoas têm empregos e salários, elas deixam de precisar dos auxílios e esses números diminuem. Temos que ir além de oferecer os benefícios, que são importantes ao desenvolvimento, mas temos que garantir mais. Precisamos de melhores salários e as empresas precisam de incentivos para cumprir isso”, afirma Renata.

Conforme informações do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, o cálculo para pagamento do Programa Bolsa Família é feito com base no Renda da Cidadania, em que o governo federal destina R$ 142 por pessoa da família. Caso o valor não seja suficiente para alcançar o limite de R$ 600, os beneficiários são contemplados com o Bolsa Família.

Os dados também são cruzados com o antigo Programa Auxílio Brasil para fazer uma avaliação de quanto cada pessoa recebia antes e vai passar a receber. A pasta ainda destaca que a reformulação do Bolsa Família foca em famílias que vivem em situação de vulnerabilidade e ações para a superação da pobreza.

Para receber o benefício, o valor do salário per capita deve ficar até R$ 218. Em Estrela, cerca de 800 famílias são beneficiadas. Conforme a secretária de Desenvolvimento Social e Habitação de Estrela, Renata Cherini, o valor médio gira em torno de 745 por grupo. Além disso, os usuários contam com auxílios como vale gás e benefícios extraordinários.

Atualização de cadastros

A secretária destaca que entre os meses de março e junho houve uma redução nos índices do Cadastro Único. Conforme ela, são pelo menos 20 famílias a menos devido à reavaliação de dados feita pelo governo federal. “Foi feita uma averiguação cadastral e encontramos algumas inconsistências nas informações”, afirma. A avaliação das informações ocorre em todo o Brasil.

No município estrelense, por exemplo, a taxa de atualização está em 77,6%. Municípios de Teutônia (71,6%), Bom Retiro do Sul (68,3%), Colinas (67,1%) e Imigrante (73%) seguem abaixo da média nacional de 81,2%. Já Fazenda Vilanova registra mais de 90% dos cadastrados atualizados.

A secretária de Saúde e Assistência Social de Fazenda Vilanova, Graciela Manini, destaca que o município foca no fortalecimento de vínculos e empoderamento dos usuários. A atualização dos cadastros resulta no acompanhamento contínuo. Em 2023, foram mais de 200 atualizações.

“Com apoio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, auxiliamos cada usuário a se cadastrar na plataforma Emprega Mais, na busca de vagas de empregos. Prestamos apoio em todo o processo, desde o preenchimento de currículos até entrevistas, e transporte e admissão. Também fazemos roda de conversas com intuito de instruir regras do programa, e conscientizar os acessos aos serviços”, afirma a secretária.

Autonomia à população

Com 11,2% da população considerada pobre ou extremamente pobre, Bom Retiro do Sul aposta na qualificação para inserir essa parcela populacional mais vulnerável, no mercado de trabalho, e assim melhorar a condição financeira. A proposta da secretária de Habitação e Assistência Social, Danielle Nascimento, vai no sentido de melhorar a qualidade de vida de parte dos moradores.

Na avaliação dela, o cenário se mantém semelhante ao ano passado, com a diferença da maior circulação de renda no município, a partir da reestruturação dos programas governamentais. Porém, o que poderia beneficiar apenas aqueles que realmente necessitam e que encontram-se em real situação de dificuldade, acaba por ser um desafio diário da Secretaria de Assistência Social, em viabilizar que os benefícios de transferência de renda cheguem à mão de quem realmente precisa.

Danielle destaca o compromisso de atender e fiscalizar a demanda, dando maior atenção aos que têm renda superior aos critérios de elegibilidade dos programas sociais do governo federal. “O ministério do Desenvolvimento Social disponibiliza listas de beneficiários que foram alvo de ‘pente-fino’, sendo que muitos tiveram seus benefícios bloqueados, pelo governo federal, por não atenderem aos critérios.”

Alguns bairros concentram o maior contingente de famílias em situação de vulnerabilidade. A secretária cita o desenvolvimento ascendente em alguns, enquanto que outros estão recebendo um olhar diferenciado para que haja um desenvolvimento social e econômico dos moradores.

A partir dessa estratégia, o objetivo do município é proporcionar ferramentas para a população que está em situação de desemprego e insuficiência financeira ter condições de empregabilidade, com cursos e formações direcionadas. “O maior desafio é proporcionar a autonomia da população”, conclui Danielle.

Qualificar para resolver

Em Estrela, a estratégia para diminuir os índices segue na oferta de qualificações à população em situação de vulnerabilidade. “É importante destacar que existem condições exigidas para as pessoas receberem os benefícios. Essas famílias têm um poder aquisitivo menor, o poder de compra diminuiu. Portanto, elas vêm buscar as vantagens que o Cadastro Único pode oferecer.”, afirma Renata que reforça a importância de qualificações profissionais.

“Requalificar os trabalhadores e oferecer melhores condições são medidas para a diminuição do abismo estrutural que temos”, aponta. Na avaliação dela, funcionários qualificados e valorizados formam empresas fortalecidas e fazem a economia girar.

Além dos benefícios e cursos de aprimoramento, o governo municipal também oferece oficinas no Centros de Desenvolvimento Social (Cras). Assim como nas demais cidades, as instituições ofertam atividades voltadas ao desenvolvimento das crianças e apoio aos adultos, com o objetivo de criar vínculos na família.

Menores índices

Imigrante e Colinas são os municípios com menores índices, com 2,4% e 4% respectivamente. Em Imigrante, menos de 20 famílias foram inseridas em situação de pobreza no Cadastro Único em dois anos.

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