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VALE DO TAQUARI

Microrregião soma 79% dos casos de dengue no Vale do Taquari

Estrela é o município com maior índice de infestação e registra 304 casos da doença. Bairros com mais casos confirmados são Cristo Rei, Moinhos e Imigrantes. Município aposta em criação de kits para infectados com objetivo de conter a contaminação

Agentes de saúde intensificam ações junto à comunidade. Crédito: Arquivo NG

Com mais de 440 casos de dengue confirmados no Vale do Taquari, a microrregião concentra 304 registros da doença. O município com maior índice de infestação e que contraíram o vírus é Estrela. Já Bom Retiro do Sul e Colinas, cidades que tiveram surtos em 2021 e 2022, apresentam respostas positivas junto à conscientização da comunidade.

Em Estrela, com mais de 300 casos, a Secretaria de Saúde intensifica as ações contra o mosquito Aedes aegypti e busca conscientizar a população acerca dos riscos. Durante o mesmo período no ano passado, a vigilância epidemiológica havia constatado menos de 100 casos.
O índice de infestação do inseto no município mais que dobrou em relação a 2023. O resultado do Levantamento Rápido de Infestação pelo Aedes aegypti (LIRAa) revelou nível de 16,3 – ideal seria menos de 1. Outro método para avaliar a presença do mosquito é a “Armadilha de Ovitrampas”.

O mecanismo foi implantado nos bairros e deve ter os resultados revelados na próxima semana. Na contagem anterior, foi apontado que 97% das armadilhas continham ovos.

Coordenadora da vigilância epidemiológica, Carmen Hentschke explica que o aumento expressivo de casos acontece devido ao período chuvoso. “Foi uma situação perceptível durante os mutirões de limpeza. Quando o tempo está seco, a água em pequenos reservatórios evapora, mas quando está úmido, não seca. O recipiente se torna um criadouro”, destaca.

Os bairros com mais número de casos são Cristo Rei (74), Moinhos (65) e Imigrantes (24). O trabalho dos agentes de endemias é direcionado conforme o registro da doença nos bairros e índice de infestação. A cada confirmação de dengue em uma residência, é feita uma revisão nas nos locais próximos.

“Todos os bairros da cidade têm a presença do inseto. Grande parte dos focos estão nas residências. Não é uma característica só de Estrela, mas do país todo. Também precisamos destacar que dois tipos de vírus estão circulando no estado, portanto quem já se contaminou, pode contrair a doença novamente ”, alerta Carmen.

Outra ação prevista pela Secretaria de Saúde é a criação de kits para a pessoa infectada. “Queremos oferecer um conjunto de itens como repelentes e isotônicos, porque o infectado pode desidratar. A medida também impede novas contaminações. O objetivo é fazer um isolamento do paciente doente”, explica a secretária Márcia Scherer.

De acordo com os registros das pasta, focos de criadouro do inseto foram encontrados na maioria das residências de pessoas infectadas pela dengue. “A comunidade precisa entender que as ações são conjuntas, desde manter a limpeza, até usar o repelente. E as pessoas devem buscar atendimento médico em caso de qualquer sintoma relacionado a doença”, afirma Márcia.

Após o surto, a conscientização

Mesmo com o número de casos controlados, Bom Retiro do Sul avança em ações de conscientização. O objetivo é evitar o cenário registrado em 2021, com mais de 500 casos confirmados. Ao longo de 2023, foram 45 registros de dengue. Além da campanha habitual para evitar a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, a Secretaria de Saúde destaca a importância de criar regras para evitar proliferação do inseto.

Além de visitas nas localidades do município e conversas com a população para explicar os risco de recipientes com água parada, a pasta criou um canal oficial de denúncias. Desta forma a equipe consegue agir de forma assertiva e notificar o proprietário da residência. A Secretaria de Saúde estipulou prazo de cinco a sete dias para proceder com a limpeza do local.

Coordenadora de Saúde, Betina Espindula que aderir aos programas estipulados pelo governo estadual também auxilia nos resultados. “Fizemos o recolhimento das armadilhas de Ovitrampas. Dos 77 pontos, 73 continham ovos. No entanto, com uma densidade considerada baixa e não alarmante”, explica. Caso haja suspeita da doença na cidade, as equipes fazem o rastreio de possíveis focos do mosquito num raio de 100 metros da residência notificada.

Controle do mosquito

Biólogo da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Bruno Cappelari também ressalta as ações adotadas em nível estadual para controlar a presença do mosquito. Entre elas, a borrifação residual intradomiciliar (BRI), que consiste na colocação de veneno nas estruturas. “O mosquito que pousar na parede, morre”, afirma. Em Estrela e Bom Retiro do Sul, o método é aplicado nos prédios públicos.

Suspeitas de óbito
Diante do aumento de pessoas infectadas pela dengue, Estrela e Teutônia aguardam o resultado da investigação de dois óbitos em decorrência da doença. Os casos são analisados pelo Laboratório Central do Rio Grande do Sul (Lacen). Até o momento, a região contabiliza uma morte, registrada em Lajeado.

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