Jornal Nova Geração

Nível do rio volta e prainhas somem

VALE DO TAQUARI – As comportas da Barragem Eclusa em Bom Retiro do Sul são operadas diariamente para regular o nível montante do rio. Porém, no final de semana o procedimento foi utilizado para baixar o nível da água, pois a barragem passa por reparos. Assim, as antigas prainhas, que eram utilizadas para banho, puderam ser novamente vistas, depois de muitos anos. “Esse tipo de operação tem que ser realizada de forma lenta, evitando impactos aos usuários do rio, que navegam e captam água, assim como para evitar danos ao meio ambiente”, explica o engenheiro responsável pela manutenção da estrutura, André Soares.

De momento, não há previsão de baixar novamente o nível do rio. “As atividades de reparo já foram iniciadas. Agora, trabalhamos para ensecar a eclusa, que foi o motivo de precisarmos baixar o nível do rio a montante, uma vez que estava entrando água nas galerias de enchimento, que foram fechadas no sábado.” A expectativa é de que essa etapa seja concluída até o fim de semana. O Dnit, responsável pela Barragem disse que ainda não é possível informar os custos para os reparos.

Volta no tempo

O aparecimento de ilhas no Rio Taquari fez o barranqueiro Almir Pereira da Silva, de Estrela, voltar no tempo. Segundo ele, sua família tinha um restaurante na antiga Rua da Praia (hoje Arnaldo J. Diel), que atendia um grande número de pessoas que vinha se banhar na Praia de Cascalhos. Seu avô era João Risada, que possuía uma barca que fazia a travessia do rio no Passo de Estrela. “Ele tinha esse apelido porque dava fortes gargalhadas durante as viagens, que se ouviam nas duas margens do Rio Taquari”, recorda, com saudade. Silva lembra ainda dos marinheiros, alguns estrangeiros, e dos pescadores que eram figuras do cotidiano do lugar. “Peixes tinha em abundância, inclusive, dourados nas correntezas do rio.” O barranqueiro falou ainda de uma pedra conhecida como feiticeira, que hoje está submersa devido à barragem, mas que todos tinham medo e estabeleciam como limites para o banho, pois, segundo se contava pelos mais velhos, muitas pessoas tinham morrido no local.

 

A feiticeira no Rio Taquari em Estrela – COLUNA DO AIRTON

O aparecimento da Praia de Cascalhos, no final de semana, trouxe lembranças à tona. Ao publicar o fato no Facebook do Jornal NG, surgiu a curiosidade sobre uma pedra conhecida como “Feiticeira”, no meio do rio, considerada por muitos como perigosa. E existe uma razão para o temor. No dia 29 de janeiro de 1945, a população de Estrela foi abalada com a notícia do afogamento de quatro crianças no Rio Taquari. O fato ocorreu na Praia de Cascalhos, junto a pedra, chamada de “Feiticeira”.

Afogamentos

Naquele dia, várias crianças se banhavam no local. Entre elas, acompanhadas da mãe, as meninas Elaine Maria, de 15 anos, e Maria de Lourdes, de 9, filhas de Violeta e Cláudio; e os gêmeos Nelma e Nelson, de 8 anos, filhos de Maria de Lourdes e Ildo Azeredo Menezes. Em certo momento, Elaine notou que a irmã e os amigos se debatiam na água. Ela se lançou na água na tentativa de salvá-los, mas também submergiu.
Dona Violeta, atônita, pula na água, correndo o risco de perecer, mas foi resgatada pela amiga Dalila Porto. Aos gritos de socorro e desespero, pescadores e marinheiros que trabalhavam nas proximidades foram até o local, mas nada puderam fazer senão, depois de longos minutos, retirar os corpos de Elaine, Nelma e Nelson. Maria de Lourdes foi localizada só no dia seguinte. Os médicos Lauro Reinaldo Müller e Thomaz Pereira aplicaram os meios de salvamento indicados, mas nada foi possível fazer.

Consternação

A dolorosa ocorrência consternou Estrela, pois as famílias contavam com vasto círculo de amizades e de parentesco. Quase toda população compareceu nos sepultamentos, vindos ainda pessoas de Lajeado, Cruzeiro do Sul e Bom Retiro do Sul.

Fonte: Livro Perfis de Estrela de Rudolfo Maria Rath, organizado por Werner Schinke.

 

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