A história da capela erguida sob as terras doadas por Vitor Sampaio Menna Barreto em 1870 chega aos 150 anos. A Paróquia Santo Antônio celebra neste domingo, 2, um século e meio de fundação. A partir da criação da Freguesia de Santo Antônio da Estrela, o município cresceu à volta do santuário junto à Praça Menna Barreto, no centro da cidade.
O responsável pela criação da freguesia foi Dom Sebastião Dias Laranjeira, bispo da Diocese de São Pedro do Rio Grande do Sul. Conforme pesquisas do professor e historiador Leônidas Erthal, a primeira capela foi erguida pelo pedreiro Nicolau Engler, com “com 40 palmos de frente, 75 de comprimento, 27 de pé direito e paredes com três palmos de espessura, com quatro portas e seis janelas”.
Desde então, a igreja já registrou algumas reformas. Por volta de 1879, o crescimento populacional tornou o prédio pequeno e precisou ser ampliado. Por volta de 1890, foram colocadas duas torres e janelas. A obra foi finalizada em dezembro de 1892 e perpetua a arquitetura existente até hoje. Em 1885, foram instalados os sinos de aço vindos da Alemanha, que representam Maria Imaculada, São José e Santo Antônio.
Na década de 1940, a Paróquia Santo Antônio passou por uma reforma total, desde a substituição do telhado e pintura geral, até a instalação dos vitrais doados pelas comunidades. As estátuas também foram restauradas, junto à obra artística do alemão Ferdinand Schlatter. Melhorias na iluminação valorizam, até hoje, os itens no interior da capela.
O relógio de Bruno Schwertner
Um relógio inicialmente instalado na paróquia foi objeto de estudo do alemão Bruno Schwertner. Em 1892, ele foi chamado para estudar o relógio de torre antigo que a paróquia havia recebido. Após meses de trabalho, o artefato funcionou por mais 47 anos, até ser construído outro, ainda instalado na torre do santuário. A atividade virou profissão e Schwertner virou referência na construção de relógios, sendo reconhecido até hoje por isso.
De 1873 aos milhares de fiéis
Hoje o santuário é administrado pelo pároco Gabriel Zucki Bagatini e pelo vigário paroquial Lucas Weber. Os padres destacam que com esta celebração, o novo Plano Paroquial está sendo posto em prática. As principais diretrizes consistem em estruturar a organização das comunidades, aprimorar as missas e celebrações, auxiliar no convívio familiar dos membros e ir ao encontro das comunidades.
“Os fiéis de Estrela são conscientes de que fazem parte de uma história sesquicentenária, e que receberam o melhor presente de suas vidas: Jesus Cristo. Assim, celebrar os 150 anos de Paróquia Santo Antônio é sonhar com o futuro e se comprometer com todos, especialmente com as crianças e jovens estrelenses”, celebra o pároco.
A igreja abrange 18 comunidades pelos bairros e interior de Estrela e possui milhares de membros fiéis. Atividades que fortalecem a fé, como missas e instruções, e promovem a integração da população, como festas e grupos de corais, ocorre de forma semanal, de maneira que contemple cada comunidade.
10 anos de dedicação
Conhecido pela comunidade estrelense, o padre Lucas Weber completa 10 anos de dedicação ao santuário. Apresentado no município em janeiro de 2013, já trabalhou com três párocos, entre eles o atual. “Sempre ocorreu tudo de forma harmoniosa. Agora com o padre Gabriel, e antes com os padres Neimar Schuster e Asabido Pedro Ludwig”, relembra. Para celebrar a data, reforça o compromisso de engajar a participação das pessoas na igreja e desenvolver os trabalhos pastorais, que exerce com afinco.
“O povo aqui é muito participativo. Por isso que gosto daqui e me sinto bem. Atendemos várias localidades e temos uma calendário para ir em cada lugar, além de visitarmos e fazermos missas no hospital. Por vezes as pessoas nos encontram ou vêm até à Paróquia pedir benção e nós sempre atendemos. Me sinto muito feliz de estar aqui celebrando os 150 anos”, destaca o padre.
História e realização
Além de contribuir com o resgate histórico do santuário, o professor Leônidas é figura presente nas memórias desde a década de 1950. Ele conta que desde que voltou a Estrela, depois dos estudos, foi frequentador do local religioso. Atualmente, colaborou com sua pesquisa à exposição que retrata o aniversário da igreja.
“Me sinto realizado de viver essa data e de poder contribuir. As pessoas devem conhecer a história. Ninguém vive sem passado e ninguém ama o que não conhece. Vamos conhecer e valorizar, é importante para a população”, aponta.
Exposição no Memorial
Uma exposição organizada pelo historiador Airton Engster dos Santos para homenagear o sesquicentenário da Paróquia Santo Antônio será aberta dia 4 de abril. O trabalho histórico ficará à disposição da população no Castelinho.
LINHA DO TEMPO
- 1873 – Fundação da Paróquia Santo Antônio
- 1876 – Fundação da Sociedade Santa Cecília
- 1877 – Cemitério doado por Menna Barreto
- 1879 – Aumento da capela
- 1884 – Recebido diploma do Apostolado da Oração
- 1887 – Adquiridos quadros da Via-Sacra
- 1889 – Construção da atual igreja
- 1905 – Instalada tela de Santo Antônio
- 1909 – Pintura interna iniciada
- 1944 – Instalações dos vitrais e reforma
