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ESTRELA

Período chuvoso desperta curiosidade sobre folclore das Cheias de São Miguel

Cultura popular vincula ocorrência de cheias à data que celebra santo. Especialistas no clima sustentam previsão de volume expressivo de chuvas para a próxima estação, sob atuação do fenômeno El Niño

Marcas em pilastras relembram de ocorrências de quando o rio passou dos 20m (Foto: Jhon Willian Tedeschi)

lista de explicações para a histórica enchente que devastou parte da região na semana passada possui uma série de aspectos. Estes envolvem meteorologia, protocolos de prevenção, acesso à informação, entre outros. No imaginário popular, no entanto, existe mais um motivo, que está atrelado a um santo.

O dia 29 de setembro marca a lembrança de São Miguel, que no catolicismo não está relacionado a enchentes ou enxurradas. O vínculo está no período do ano, caracterizado pelas chuvas e pelas “Cheias de São Miguel”. Este ano, com o retorno do fenômeno climático El Niño, havia uma projeção para maiores volumes de precipitações.

Esta condição, aliada a um sistema de baixa pressão, tornou a ocorrência de chuvas volumosas ainda mais provável nesta época do ano, o que dá força ao folclore. O restante do mês de setembro pode fazer com que algumas localidades tenham acumulados que alcancem mais da metade do projetado para a primavera.

O voluntário da Defesa Civil de Estrela, Cleto Werle, mantém no quadro de informações na sede do órgão uma listagem com os anos onde ocorreram grandes enchentes no período de setembro e outubro. Em julho, quando houve uma cheia anterior no Rio Taquari, ele já mantinha uma projeção sobre a ocorrência de uma enchente de maior impacto na região.

Para Werle, que tem mais de cinco décadas de estudos de enchentes, a de setembro de 2023 foi a mais violenta, pela correnteza e rapidez na elevação das águas. Dentro da análise das cheias, esta ocorreu um pouco antes do normal. “Normalmente ocorrem a partir de 15 a 20 de setembro”, pondera.

Ele aponta a possibilidade de chuvas mais intensas entre o fim do mês de setembro e o início de outubro, mas nada com o impacto causado pela cheia mais recente. E faz menção à raridade do evento. “Talvez leve centenas de anos para termos outra tão catastrófica. Essa próxima sequência de chuvas provavelmente não sejam no mesmo nível”, diz.

Números históricos

Werle assegura que o volume das águas da enchente do início do mês ultrapassou as marcas históricas de 1941 em alguns pontos específicos. “No Porto de Estrela, o nível ficou 1,1 metro superior, enquanto em lugares como Muçum e Encantado, foi 4 a 5 metros acima”, aponta. Outras localidades do Vale, como Bom Retiro do Sul, também reportam medições acima da cheia de 82 anos atrás.

Análise na astronomia

O voluntário utiliza os astros para explicar alguns dos fenômenos relacionados à chuva. Ele atribui à passagem da lua pela constelação de peixes, o que inclui a ocorrência de uma Superlua no dia 29 de setembro (coincidência ou não, no dia de São Miguel), a chance de mais chuvas na região.

Volta do El Niño

A MetSul Meteorologia aponta que os eventos mais severos de El Niño são responsáveis pelos maiores desastres naturais causados por chuvas, como as enchentes de 1941, 1982/1983, 1997/1998 e 2015/2016. O estudo dos especialistas aponta para a possibilidade de aumento nas precipitações ainda na parte final do inverno e para a primavera.

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