Jornal Nova Geração

OPINIÃO

Permanências e mudanças

Diariamente assisto as transformações que ocorrem nas paisagens em que transito, em especial as no trânsito, com as obras de triplicação da BR-386, tendo em vista que me desloco de Santa Clara do Sul para Estrela todos os dias

Diariamente assisto as transformações que ocorrem nas paisagens em que transito, em especial as no trânsito, com as obras de triplicação da BR-386, tendo em vista que me desloco de Santa Clara do Sul para Estrela todos os dias. Porém, na última sexta-feira, dia 9 de junho, resolvi fazer o trajeto para visitar minha avó, na localidade de São Jacó, interior de Estrela. Acompanhado de meu filho de 2 anos e 3 meses, caminhei pelo pátio e tive várias imagens nostálgicas. Aquele lugar, assim como os outros, também teve espaços alterados, mas mesmo assim, pude (re)lembrar de vários momentos que passei acompanhado da grande família Gregory. Minha memória, a cada passo que dava, era (re)ativada por lembranças de pessoas que já não estão mais fisicamente, e de momentos que não mais voltarão em função destas mudanças.

Entretanto, algo me tocou com mais força. Força sentimental, força braçal. Durante um tempo, familiares, amigos, vizinhos se juntavam para se ajudar no carregamento de frangos, principal fonte de renda da família até os dias de hoje, e isso é uma das mudanças mais fortes para mim, pois, geralmente nestes dias, quando era criança, me deslocava com meus pais e meus irmãos até a propriedade de meu avô para ajudar na atividade, que mais era na época uma forma de me divertir e ter contato com pessoas próximas a minha família paterna. E hoje, em virtude das mudanças nas relações de trabalho, esta atividade se dá de forma terceirizada e não mais manual e sim mecanizada.

Neste momento, pude sentir que, mesmo que as escolhas não sejam pessoais, essas transformações nas relações de convívio social são afetadas. Naqueles momentos, o sentimento de pertencimento a determinado grupo era fortalecido devido à troca mútua de forças, o que podemos classificar como capital social, algo que foi significativo nos núcleos de colonização em Estrela na construção de escolas, igrejas e demais espaços de convívio.

Sinto, que, em alguns lugares e momentos isso ainda acontece, com a participação das pessoas em atividades comunitárias. Contudo, com menos e menor intensidade decorrentes da rotina que se instaurou no dia a dia de cada um. Apesar disso, fica a indagação: de que forma poderíamos trazer de volta esse sentimento de pertencimento a determinados grupos? Sinto que as mudanças alteraram tanto o estilo de vida de todos, que deveríamos (re) pensar o nosso fazer e resgatar formas de interação social que faça com que as pessoas tenham memórias afetivas significativas como as que eu tenho dos momentos de convívio a partir de laços de amizade e familiar.

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