A divulgação dos dados do Censo Demográfico 2022 por idade e gênero revelam uma mudança no perfil da população microrregional desde o último levantamento, em 2010. No período, o número de pessoas com 60 anos ou mais aumentou 59,3%. Como comparativo, a população total da microrregião cresceu 10,9% no período. Os dados seguem a tendência do país, que teve crescimento de 56% na população nesta faixa etária.
Na proporção, o número de habitantes dos seis municípios da microrregião com mais de 60 anos aumentou de 14,01% para 20,12% entre as duas pesquisas. Ou seja, a cada cinco pessoas, uma está incluída nesta faixa etária. O maior índice está em Colinas, onde pouco mais de 30% dos moradores tem 60 anos ou mais.
Em números absolutos, Teutônia teve o maior aumento populacional neste recorte de idade. Se em 2010 o município tinha 3.333 moradores com mais de 60 anos, em 2022 o contingente saltou para 5.970, um crescimento de 79,12%.
Menos jovens
A população considerada jovem diminuiu na microrregião. Se em 2010, esta parcela considerava 19,15% das pessoas, no Censo 2022 o índice caiu para 18,05%. O município com maior queda na representatividade foi Fazenda Vilanova, redução de 2,59%. Em números absolutos, houve aumento de 4,56%, abaixo do crescimento total de habitantes, que foi de 10,91%.
Mais mulheres
A representatividade feminina aumentou nos 12 anos entre as pesquisas. No Censo 2010, a população de mulheres era de 50,5% do total, em 2022 o percentual passou para 51,19%. Estrela, com 51,6%, e Teutônia, com 51,16%, são as cidades com mais mulheres. Por outro lado, Colinas é o único município na microrregião com mais homens (50,19%) do que mulheres (49,81%).
ENTREVISTA
“A convivência com as gerações mais jovens pode ser enriquecedora”
Marianela Flores de Hekman • médica geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Rio Grande do Sul (SBGG/RS)
Jornal Nova Geração: Ao que você atribui o crescimento da população 60+ nesse período de pouco mais de uma década?
Marianela Hekman: O aumento da população de 60+ se deve a queda da fecundidade e um menor número de filhos, com uma média de 1,7 de filhos/mulher. A diminuição da taxa de natalidade foi importante em 2021. Outros pontos são a eficácia na geração dos medicamentos como antibióticos e vacinas. O aumento do cuidado, como ir mais cedo ao atendimento dos ambulatórios e consultórios para cuidar da saúde, é fator determinante. Menciono também a melhoria da água tratada e das campanhas para ter uma melhor alimentação e assistência comparada aos anos anteriores.
Jornal NG: Como as estruturas públicas podem se preparar melhor para proporcionar qualidade de vida à esta fatia da população?
Marianela: São vários aspectos. Desde a educação nos colégios, enquanto maior o nível educacional, melhor será sua velhice. Já na saúde, com um pré-natal adequado, melhor será esse adulto. No campo assistencial, ter um melhor amparo desde a infância até a idade mais avançada. Também sem esquecer da atenção primária na área da saúde, que ajuda a prevenir eventos futuros. Realizar políticas públicas adequadas é o que está faltando no Brasil.
Jornal NG: Sobre o cuidado e a adaptação dos núcleos familiares, quais são os principais desafios com o crescente do envelhecimento?
Marianela: A configuração familiar sofreu modificações nos últimos anos, e hoje quem cuida e sustenta a família muitas vezes são as pessoas de mais idade, devido à queda socioeconômica das famílias nos últimos anos no Brasil. Em outros casos, ainda é delegado às mulheres realizar esse cuidado. Por outro lado, a convivência das pessoas idosas com as gerações mais jovens da família pode ser muito enriquecedora, tanto para a pessoa idosa, quanto para esse jovem, que será um adulto melhor.