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OPINIÃO

Quaresma nos cultos afros?

A Quaresma, como conhecemos, é o período de quarenta dias, que se inicia na quarta-feira de cinzas e vai até a quinta-feira santa pela manhã, segundo a CNBB (2010).

A Quaresma, como conhecemos, é o período de quarenta dias, que se inicia na quarta-feira de cinzas e vai até a quinta-feira santa pela manhã, segundo a CNBB (2010). A origem do termo vem do latim “Quadragésima die Christus pro nobis tradétur”, que se traduz: “Daqui a 40 dias, Cristo será entregue por nós”.

Nota-se que este período refere-se ao calendário cristão e que não possui nenhuma relação com os cultos de Orixá, divindades negras yorubás, com origens, costumes e tradições distintas e muito anteriores à instituição desta data.

Em alguns templos de Umbanda, Batuque ou Candomblé se possui como costume cobrir seus assentamentos sagrados, não realizar cerimônias e ritos ou dizer que os Orixás estão “em guerra”, o chamado Òlórogún, o que nada mais é do que resquício do sincretismo religioso afro-católico (o ato de associar os Orixás com Santos Católicos e Oxalá com Jesus Cristo) que surgiu no período da escravidão com a proibição e perseguição da cultura, costumes e espiritualidade africana e afro-brasileira que teve que criar estratégias de sobrevivência de culto e crença que ainda refletem no imaginário da sociedade até a atualidade.

A Constituição Brasileira assegura o direito à liberdade de culto e de crença e de convicções, não sendo mais necessário seguir calendários de tradições que respeitamos, mas, que não são as nossas. Após muita resistência, hoje temos como conquistas um legado de muitas pessoas que nos possibilitaram ter orgulho da prática e da identidade religiosa. Atualmente, ainda resistimos, mas temos a garantia de partilhar nossa devoção e respeitar nosso Sagrado ancestral conforme eles são em sua essência.

O intuito deste texto não é ofender ou mudar qualquer liturgia de quem julga importante prosseguir com alguns costumes, mas, é um convite a repensarmos a origem das práticas históricas e quais as relações com as tradições afro-religiosas.

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