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TURISMO

Ramal ferroviário de Estrela pode ser reativado

Linha que já transportou milhares de toneladas de produtos está obsoleto

Desativado há mais de cinco anos, o ramal ferroviário de Estrela pode voltar a operar. Inaugurados na década de 1970, os trilhos deram acesso a milhares de toneladas de produtos, de diversos locais do Brasil. Fazendo parte do entroncamento Rodo-Hidro-Aero-Ferroviário, a E-Log já trabalha para que, num primeiro momento, a malha seja recuperada, para que trens de turismo possam utilizar os 13,8 quilômetros do caminho de ferro. Posteriormente, a ideia é voltar a operar com trens de carga.

O ex-prefeito de Estrela e cotado para ser o Excutivo da E-Log, Rafael Mallmann, apontou dois caminhos para que a linha férrea volte a funcionar. Segundo ele, há tratativas com o Governo Federal, para a antecipação da renovação do contrato com a empresa Rumo em troca de mais investimentos, e prolongar o prazo de concessão da malha ferroviária.

“Estamos trabalhando junto a lideranças do Planalto, para que obtenhamos a recuperação do ramal Estrela-Colinas”, disse Mallmann. “A ação número dois, para que possamos ter o Trem dos Vales operando diariamente, precisamos da ceção de uso, pela Rumo. “Dessa forma teremos, em um primeiro momento, o trem turístico operando, e posteriormente, o trem de carga.”

Trem dos Vales, de Estrela a Guaporé

Conforme o presidente da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales (Amturvales), Leandro Arenhart, o objetivo é que o Trem dos Vales percorra o caminho entre as cidades de Guaporé e Estrela. “O projeto todo contempla Estrela a Guaporé. Esta é a matéria para a qual queremos a liberação definitiva”, explica o presidente.

Posterior à aprovação do projeto, com o passeio rodando, a intenção é estudar a viabilidade de reinvestir os recursos no ramal de Estrela, para reativá-lo. “A segunda maneira de reativarmos o trecho de Estrela é contando com o setor privado. Existem várias alternativas nesse sentido. O certo é que, sem dúvida, teremos este trajeto completo”, aposta Arenhart.

A linha férrea como local de uso da comunidade

Foi em um dos passeios pelo interior de Estrela que o engenheiro agrônomo Jonas Arenhart pode perceber um potencial no caminho férreo desativado. “Vi a linha abandonada e logo pensei em utilizar esse caminho de 13 quilômetros para a comunidade”, explica. Arenhart criou uma página, a “Ferrotrilha”, onde propõe que o trecho receba uma camada de concreto de dois metros de largura.

A intenção, segundo ele, é discutir o assunto, pois o percurso tem um valor paisagístico inigualável. “Já estive em vários países, então sei o que estou falando. Esta é mais uma proposta para um uso múltiplo, como caminhada, bicicleta e todos os tipos de possibilidades”, frisa.

A história 

Entre 1978 e 1985
os trens transportavam 1 milhão de toneladas de carga por mês

Por volta de 1881 começou-se a pensar numa ferrovia partindo de Taquari, passando por Estrela e Teutônia. O Governo Provincial concedeu privilégio por 60 anos à firma “Spalding e Traff”, mas as obras nunca saíram do papel. O Porto de Estrela foi inaugurado em 1977 pelo vice-presidente da República, Adalberto Pereira dos Santos. O ramal era parte de um entroncamento rodo-hidro-ferroviário, alimentado tanto pelo rio quanto pela ferrovia e pelas estradas.

A primeira carga embarcada no porto de Estrela foi somente em 1978. A abertura e inauguração do ramal ferroviário de Corvo (hoje Colinas) a Estrela só ocorreu mesmo em maio de 1980. O ramal foi construído pela Rede Ferroviária Federal S.A. e pelo 1º Batalhão Ferroviário. O ramal ferroviário que hoje parte de Colinas (desativado) tem 13,8 quilômetros e apenas a estação terminal de Estrela.

A época de ouro da linha férrea foi de 1978 a 1985. Na época, eram movimentadas 1 milhão de toneladas de carga por mês, pelos trilhos. Segundo Alfredo Rodrigues, em 2009: “A construção deste porto fez parte do ‘Corredor de Exportação de Rio Grande’. Sua função era integrar a Ferrovia do Trigo – Roca Sales – Passo Fundo ao porto do Rio Grande.

O trem carregado com soja vindo das regiões produtoras do noroeste do RS pela Ferrovia do Trigo acessava o porto de Estrela através do ramal de Colinas. Em Estrela a soja era transferida para chatas que através do rio Taquari, Jacuí, Lagoa dos Patos e por fim Rio Grande, sendo exportada pelo Terminal Trigo Soja (TTS).
Posteriormente, o ramal ferroviário de Estrela passou da RFFSA para a gestão da América Latina Logística até 2015. Com o declínio das operações por meio dos trilhos, o transporte foi paralisado totalmente no ano de 2017.

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