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SAÚDE

Região se especializa em traumatologia, mas tem dificuldade para zerar fila

Em Estrela e Encantado, que se tornaram referência em média e alta complexidade no Vale, a oferta de atendimentos aumentou, mas ainda não supre demanda. Custo é um dos desafios

A primeira cirurgia de alta complexidade da traumatologia do Hospital Estrela foi em junho de 2023 (Foto: Divulgação)

No primeiro semestre de 2023, Estrela e Encantado se tornaram referências regionais para o atendimento em traumato-ortopedia, com abrangência nos municípios da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS). O objetivo era dar vazão à lista de espera por cirurgias, que até então eram feitas em Canoas.

No Hospital Estrela, ficaram as cirurgias de alta complexidade. O serviço começou em junho, mas a habilitação junto ao Ministério da Saúde foi efetivada em outubro. Os procedimentos feitos até a habilitação foram em caráter excepcional, sem faturamento SUS, e apenas para casos de maior gravidade.

Após a habilitação, o hospital mais que quadruplicou o número de cirurgias mensais. De junho a setembro, foram 15 cirurgias de alta complexidade, enquanto que de outubro a janeiro de 2024, o número saltou para 65.

O contrato do hospital é prevê 16 procedimentos de alta complexidade, 42 de média complexidade e 704 consultas por mês. Segundo a instituição, de junho de 2023 a janeiro de 2024, foram realizadas 80 cirurgias de alta complexidade, 397 de média e 4,9 mil consultas.

Na alta complexidade, os procedimentos mais comuns são artroplastia de joelho e de quadril. Na média, reconstruções ligamentares do joelho, ombro e tratamento de fraturas cirúrgicas.

De acordo com dados da instituição, a maior lista de espera está nos atendimentos de alta complexidade, em especial na artroplastia de quadril, em que os novos agendamentos já superam o tempo de espera de um ano.

“Pelo curto tempo de implantação do serviço de traumatologia vemos os resultados como positivos. Apostamos que o ano de 2024 será de consolidação, e os resultados e impactos na comunidade serão ainda maiores”, afirma Johnnie Locatelli, gerente administrativo do Hospital Estrela.

Demanda

Até então, Canoas centralizava esses atendimentos de média e alta complexidade. Mesmo após a mudança, o Hospital de Pronto-Socorro da cidade continua sendo referência para a traumato-ortopedia de urgência, e o Hospital Universitário do município para a traumato-ortopedia pediátrica.

Para atendimento de casos simples e de média complexidade, a região também conta com a referência do Hospital Ouro Branco, em Teutônia. “Entendemos que a demanda é grande, mas já tivemos que pagar cirurgias particulares para atender a situação do município”, destaca.

Secretário de Saúde de Bom Retiro do Sul, Rodrigo Rodrigues afirma ter mais de 20 pessoas na fila de espera por cirurgia da especialidade no município. Ele ressalta que desde que o convênio com o Hospital Estrela foi feito, há seis meses, foram disponibilizadas seis consultas com pacientes da cidade e apenas um procedimento. O mesmo ocorre com o hospital de Teutônia. Por isso, muitos casos continuam sendo encaminhados para Canoas. “É uma discussão que estamos tendo, em alguns casos precisamos comprar as cirurgias, mesmo mantendo o convênio com os hospitais”.

Falta recurso

A defasagem dos valores repassados pelo SUS e do incentivo do Governo do Estado por meio do programa “Assistir” são pontos que dificultam ampliar a oferta de cirurgias na região. Diretor do Hospital Ouro Branco, José Paulinho Brandt diz que esta é a realidade de todo o país.

Na instituição, são 30 procedimentos mensais. “Poderíamos fazer mutirões ou ampliar os atendimentos, mas isso gera uma dívida que não podemos pagar. Enquanto isso, a lista de espera está crescendo”.

Coordenadora da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Rafaela Fagundes destaca que no dia 29 de janeiro, o Governo do Estado anunciou reajustes para o programa de incentivo “Assistir” nos hospitais, que pode reduzir o custo per capita dos municípios. “Assim podemos seguir no aprimoramento da traumato-ortopedia para os munícipes do Vale do Taquari”, afirma a coordenadora.

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