Jornal Nova Geração

OPINIÃO E BASTIDORES

Renascimento em Estrela

O governo lançou um pomposo plano de ação para resgatar a estima e a confiança dos estrelenses. São mais de R$ 17 milhões a serem injetados direta ou indiretamente na economia e na vida social das pessoas mais impactadas pela tragédia da semana retrasada

O governo de Estrela lançou um pomposo plano de ação para resgatar a estima e a confiança dos estrelenses. São mais de R$ 17 milhões a serem injetados direta ou indiretamente na economia e na vida social das pessoas mais impactadas pela tragédia da semana retrasada. Um movimento importante para manter nos trilhos o recente desenvolvimento da cidade, para mitigar os efeitos imediatos na vida dos contribuintes, e que precisa servir de inspiração para municípios vizinhos. Mais do que nunca, os cidadãos precisam do suporte e apoio financeiro do poder público. Municipal, estadual e federal, é claro. Afinal, e muito além dos emocionantes gestos de caridade e solidariedade já registrados no Vale do Taquari, vamos precisar de muito dinheiro para reconstruir tudo que a enchente destruiu ou levou de nossas famílias, indústrias e empresas.

Da inundação à BR-386

A ameaça constante de uma nova cheia do Rio Taquari vai alterar rotinas e movimentações urbanas. E também deve mudar o cenário econômico de algumas cidades, especialmente com a troca de endereço por parte de pequenas, médias e grandes corporações. É fato. Diante do prejuízo milionário, e do temor de um novo desastre, muitos empresários já iniciaram a busca por áreas de terra ou edificações localizadas em pontos distantes dos rios e arroios da região. E muitos deles estão com um olhar ainda mais aguçado para os terrenos às margens da BR-386. Com os trechos já duplicados em Estrela, Bom Retiro do Sul, Fazenda Vilanova e Paverama, a rodovia federal tende a receber algumas empresas e indústrias diretamente impactadas pela histórica enchente. E algumas negociações já estão bem avançadas junto ao trecho estrelense da rodovia federal.

Evacuação: é preciso quebrar esse tabu

Nenhum plano de prevenção aos desastres naturais vai funcionar se a população não compreender a importância da evacuação. É isso. A Defesa Civil e os demais órgãos de segurança pública não têm poderes suficientes para retirar à força os moradores de suas casas. Quem está na ponta dessa complexa missão sabe a dificuldade de convencer uma pessoa a deixar a própria casa e se refugiar em um ginásio. Afinal, a evacuação costuma ser provocada muito antes da água chegar próxima à residência, em um momento de suposta tranquilidade. Portanto, é preciso trabalhar de forma intensa na construção de planos robustos de prevenção, mas a conscientização coletiva será a grande virada de chave. Sem essa consciência, o tabu persiste e nem o melhor dos planos evitará novas mortes.

As cadeiras, as relações e a política

Desta vez, é definitivo. Após mais uma discussão ríspida com o prefeito, Celso Kaplan (PP) deixou a Secretaria de Saúde de Estrela. Quem assume é a enfermeira Regiane Mollmann, que já atuou na prefeitura de Imigrante. “Lelo”, como é conhecido o agora ex-agente do governo, afirma que o desgaste com o gestor público estrelense chegou ao limite. E quem testemunhou o bate-boca entre ambos, no domingo passado, atesta essa conclusão. Mas as mudanças não param por aí. Secretária de Desenvolvimento e Sustentabilidade, Carine Schwingel afirma que vai pedir exoneração nesta próxima semana, mas pretende seguir no cargo até o dia 1º de outubro. Assim como Lelo, ela também já havia ameaçado deixar a função em outra oportunidade. Resta saber se ela vai levar adiante. Carine é cotada para ser candidata a prefeita em 2024, em uma possível dobradinha com o vereador Márcio Mallmann (PP). Com isso, já seriam três pré-candidatos. Além do atual prefeito, Valmor Griebeler (Republicanos) já anunciou a intenção de concorrer outra vez a prefeito.

Novos desafios à logística

A Empresa Pública de Logística Estrela (E-Log) tem um desafio e tanto pela frente. Além de reestruturar a própria sede – o espaço junto ao complexo portuário foi inundado (foto) e a direção passa a trabalhar de forma provisória no prédio da escola La Salle –, é preciso calcular os danos registrados no porto fluvial, no aeródromo regional e também nos trilhos da Ferrovia do Trigo, no trecho ocioso entre Estrela e Colinas. O prejuízo supera a cifra de R$ 2 milhões. E diante da importância dos modais viários para todo o Vale do Taquari, a reforma dessas estruturas vai precisar do apoio das demais entidades e associações regionais. Acima de tudo, é preciso resgatar a confiança em quem já investe ou pretende investir nos modais. Dito isso, Amvat, Amat, CIC/VT, Codevat, Cacis e Amturvales precisam dar suporte para a E-Log redescobrir caminhos e buscar recursos. Sobre o aeródromo, por exemplo, interditado pela Anac até o dia 30, a presidente da E-Log, Elaine Strehl, vai insistir na ampliação da pista. “O processo de ampliação já tramita, e vamos continuar. A pavimentação será na sequência. Não vamos desistir. O aeródromo é importante à região e, neste momento, é preciso pensar no desenvolvimento de uma forma ainda mais intensa.”

Curtas da semana:

  • O “aluguel social” é a uma das principais apostas para amenizar de forma momentânea os graves problemas habitacionais gerados pela enchente. Mas, e de acordo com os valores propostos pelos governos municipais, será preciso convencer muitos proprietários de imóveis a baixarem os valores. E isso não é simples. Mas vamos torcer pela solidariedade.
  • Em tempo, e até o fim da tarde de quinta-feira, já haviam sido encaminhados mais de 80 protocolos para garantir o aluguel social junto ao governo de Estrela. Os pedidos estão no setor de Engenharia da prefeitura para avaliação.
  • Secretário de Agricultura de Estrela, Douglas Sulzbach deixa o cargo e vai apostar as fichas no setor privado. Quem assume de forma interina é o servidor da secretaria Armin Oscar Kich. Já o ex-Diretor de Trabalho do governo estrelense, Guilherme Schneider, voltou ao poder público municipal. Ele assumiu uma função na coordenação do setor de Recursos Humanos.
  •  Sirenes, alto-falantes, réguas em diversos pontos alagáveis da cidade são alguns dispositivos que os governos municipais precisam instalar de forma urgente nas áreas de maior risco. Não há desculpa para seguir negligenciando a funcionalidade dessas ferramentas. Chega de omissão.
  • A inflação nos preços de alguns produtos, registrada após os eventos climáticos da semana passada, será devidamente avaliada pelo Procon/RS. Aliás, já são diversas as denúncias e investigações em andamento. O “olho gordo” de uma infeliz minoria não vai passar em branco.
  • O Ministério Público Federal (MPF) instaurou na semana passada um inquérito civil para verificar eventuais responsáveis – direta ou indiretamente – pela catástrofe que assolou o Vale do Taquari. E os governos municipais precisam encaminhar diversas informações.
  • Em Teutônia, os vereadores conseguiram a façanha de rejeitar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). E o mais instigante. A própria base do governo ajudou a derrubar a matéria. Tudo porque o governo aceitou o pedido de alguns parlamentares para destinar 7% do orçamento à câmara.
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