Jornal Nova Geração

ESTRADAS

Rodovias da região sobem em ranking. No país, qualidade geral piora

BR-386 aparece entre as 100 melhores em estudo da Confederação Nacional dos Transportes. No RS, FreeWay é o trecho melhor avaliado. Especialistas alertam para perda da competitividade, necessidade de investimentos e concessão de trecho

Trecho entre Estrela e Tabaí é considerado “ótimo”. É a melhor avaliação entre as rodovias do Vale. Crédito: Mateus Souza

Estudo divulgado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) traça um panorama das condições da malha rodoviária no país. A pesquisa, feita anualmente, avalia três quesitos para definir se o trecho é “ótimo”, “bom”, “regular”, “ruim” ou “péssimo”. Os resultados da edição de 2022 apontam para melhora das principais rodovias da região no ranking geral. No contexto nacional, houve piora.

A BR-386, que liga o Vale do Taquari a Porto Alegre, é classificada como “bom” na avaliação geral do ranking. Alguns trechos específicos, porém, apresentam classificação melhor, caso de Estrela a Tabaí, avaliado como “ótimo”. Tratam-se dos 32 quilômetros duplicados na década passada.

Entre as rodovias gaúchas analisadas pela CNT, a BR-386 é a sexta mais bem avaliada, atrás apenas das BRs 290 (FreeWay), 101, 116 e 392 e da RSC-453, em São Francisco de Paula. No país, aparece na 84ª colocação. Na comparação com o ranking do ano passado, subiu quase 60 posições.

Outras rodovias que cruzam pela região, elencadas no ranking geral e avaliadas como “boas” são a RSC-287, a RSC-453 e a ERS-129. Há ainda trechos que também foram avaliados, mas não constam na lista geral, casos da ERS-128 (Via Láctea), de Teutônia a Fazenda Vilanova, e da ERS-130, entre Lajeado e Encantado.

Aumento dos custos

Embora o ranking apresente bons indicadores no contexto local, em nível nacional a percepção do estudo é de que a qualidade das rodovias piorou. Dos 110,3 mil quilômetros avaliados neste ano, 66% foram classificados como “Regular”, “Ruim” ou “Péssimo”. Em 2021, esse percentual era de 61,8%.
Presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT), Ivandro Rosa reforça que as más condições em rodovias, somadas à dependência de um único modal de transporte, encarece o custo operacional das transportadoras. Com isso, a região perde em competitividade.

“Dependemos muito de um só modal e esse fator é agravado por estarmos muito ao sul do país, em uma posição geográfica desfavorável. O próprio escoamento também é complicado. E o grande mercado consumidor, que é São Paulo, está muito distante para ser alcançado pela nossa indústria”, frisa.

Já o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística do RS (Setcergs), Diego Tomasi, lembra que o aumento do custo logístico impacta também sobre o custo de vida no país. “Ao invés de melhorar, nossas rodovias estão piorando cada vez mais. E isso é muito preocupante. Por isso, todo e qualquer investimento em infraestrutura é importante”, comenta.

Presidente da Cooperativa ValeLog, Adelar Steffler entende que houve uma melhora na malha rodoviária na comparação com o começo da década passada. Porém, também defende mais investimentos no setor. “Penso que houve avanço em algumas regiões, mas há necessidade grande em melhorias. E quanto aos outros modais, não sei se há interesse em explorá-los. Não acredito numa retomada da ferrovia, por exemplo”.

Concessão

Entre as rodovias com melhor avaliação, tanto no país quanto no RS, há um ponto em comum. Todas são de trechos concedidos. Em nível nacional, a SP-334, conhecida como Rodovia Cândido Portinari, é administrada pela iniciativa privada desde 1998. O trecho de 88 quilômetros passa por seis municípios.

A liderança de rodovias concedidas, para Rosa, é um forte indício de que a concessão é necessária, pois o poder público não desempenha bom trabalho na manutenção da infraestrutura.

“Exemplo disso é a EGR (Empresa Gaúcha de Rodovias), que só arrecada e não entrega um serviço de qualidade satisfatória, não investe em qualificação, duplicação ou terceiras faixas”, pontua.

Contudo, Rosa mostra preocupação com a modelagem dos processos de concessão, sobretudo no RS. “Tivemos um apagão de investimentos nas últimas décadas, com aquele modelo da Sulvias, por exemplo. Um modelo que só tinha manutenção, sem investimentos. E não podemos aceitar quando o governo estabelece outorgas ou algumas travas de desconto que jogam a tarifa para cima”.

Embora avaliada como “boa”, RSC-453, de Lajeado a Venâncio Aires é alvo frequente de críticas de usuários. Crédito: Felipe Neitzke

Plano de governo

A concessão das rodovias também é defendida por Tomasi. Ele cita o modelo adotado na BR-386 como assertivo.  No entanto, sustenta que esta deve ser uma política de estado, independente de quem estiver no governo.

“É muito necessário que se tenha um plano de governo que atenda melhor as rodovias. Seja através da concessão ou de investimentos do próprio governo naquelas rodovias não muito atraentes à iniciativa privada. E mesmo que troque o presidente, que o plano continue sendo executado”.

MELHORES RODOVIAS DO PAÍS

1º SP-334

Cristais Paulista a Ribeirão Preto

Trecho concedido

ÓTIMO

2º SP-332

Mogi Guaçu a Campinas

Trecho concedido

ÓTIMO

3º BR-050
Araguari a Delta (Minas Gerais)

Trecho concedido

ÓTIMO


MELHORES RODOVIAS DO RS

1º BR-290 (Osório a Porto Alegre)

7ª no ranking nacional

ÓTIMO

2º BR-101 (Torres a Osório)

11ª no ranking nacional

ÓTIMO

3º BR-116 (Camaquã a Jaguarão)

36ª no ranking nacional

BOM

4º BR-392

(Santana da Boa Vista a Rio Grande)

67º no ranking nacional

BOM

5º RSC-453

(São Francisco de Paula)

81º no ranking nacional

BOM

6º BR-386 (Carazinho a Canoas)

84º no ranking nacional

BOM

9º RSC-287

(Montenegro a Santa Maria)

122º no ranking nacional

BOM

11º RSC-453

(Garibaldi a Venâncio Aires)

130º no ranking nacional

BOM

13º ERS-129

(Guaporé a Encantado)

136º no ranking nacional

BOM

Compartilhar conteúdo

PUBLICIDADE

Sugestão de pauta

Tem alguma informação que pode virar notícia no Jornal Nova Geração? Envie pra gente.

Leia mais: