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Seis anos na espera por cirurgia

VALE DO TAQUARI – Teresinha Pereira de Oliveira aguarda há seis anos por cirurgia no joelho. Moradora do Bairro Oriental, ela faz parte da extensa lista de pessoas que aguardam cirurgia pelo SUS. “Tenho desgaste no joelho esquerdo e, por conta disso, o da direita está ficando comprometido. Quando a dor está demais, ando de muleta.”
Com certa frequência, a paciente, de 50 anos, precisa se afastar do trabalho em um frigorífico, em razão das dores fortes. “Meu caso é para Canoas. Uma vez marcaram a cirurgia, mas o hospital entrou em greve e até agora não fui chamada novamente”, comenta.

Pandemia gera espera maior

Desde 2019, ela tem um pedido para ressonância, que ainda não foi feita e aguarda a marcação por parte da Secretaria de Saúde de Estrela. Neste ano, ela consultou novamente na capital e voltou com novos exames a serem feitos. “Na época já era para fazer a ressonância também no joelho da direita e ainda não foi feito. Agora já tenho outros para fazer, porque o médico de Canoas solicitou, mas não consigo a marcação”, explica. Para que Teresinha consiga a cirurgia, ela precisa dos exames solicitados. Mas, além da espera já comum no SUS, a paciente agora enfrenta o cancelamento de procedimentos eletivos, por conta da pandemia.
O secretário de Saúde de Estrela Celso Kaplan explica que a traumatologia, no Estado e no Brasil, é um caos. “Eu que participo há tantos anos de secretaria e prefeitura sei que é um problema recorrente. O Hospital de Canoas, que é de alta complexidade, tem uma demanda tão grande que não tem como suportar. Já o município tem uma cota compactuada para exames e cirurgias. Por exemplo, se temos cobertura para 100 ressonâncias e temos demanda de 200, como fazer? Nunca o dinheiro na saúde chegou. Não é porque não queremos fazer”, salienta.

Levantamento de casos

Preocupado com a situação, Kaplan destaca que, no momento, o foco é o enfrentamento à pandemia, mas outras questões urgentes, como a fila, também estão sendo atendidas. “Estamos buscando recursos extras para que possamos enfrentar a situação. Temos que analisar primeiro os casos mais graves, que precisam de intervenção urgente e depois seguimos nas demais etapas”, explica.
Um médico auditor foi contratado para reavaliar caso a caso. “É necessária análise médica, de cada paciente, para que a gente possa atualizar o sistema. Precisamos ter um panorama real de cada caso. Com a pandemia já há um ano com tudo paralisado, os prazos de exames e de alimentação no sistema expiraram e precisamos ter uma nova conduta.”

Divulgação no site

Teresinha explica que atualmente não consegue acompanhar os processos, a não ser pelo contato direto com a secretaria. “Quando eles conseguem marcar, eles ligam”, explica.
Em cerca de meio ano, ela poderá acompanhar o andamento das marcações pelo site da Prefeitura de Estrela. Isso porque um projeto de autoria do vereador Humberto Canigia Rerig (Republicanos) prevê que ao solicitar exames ou procedimentos, o paciente receba um número de protocolo e, através desse número, será feita a divulgação diária do andamento dos processos pela ordem de agendamento. O Executivo tem 180 dias para implementar as medidas da lei, com ressalva para cirurgias e outros procedimentos de urgência e emergência, que terão prioridade de atendimento.

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