Jornal Nova Geração

PROJETO DO GRUPO A HORA

Seminário nesta terça-feira busca experiências para enfrentar catástrofes

As ações elaboradas após inundações em Santa Catarina e em São Paulo servem de referência para evento na região. Programação debate aprendizados após maior enchente na história do RS. Objetivo é contribuir para um futuro plano

Em Muçum, velocidade da correnteza e volume de água trouxe destruição em quase 85% da área urbana habitada na cidade (Foto: Aldo Lopes)

Como é possível mitigar o impacto das cheias do Rio Taquari? O que é preciso fazer para elevar a segurança no monitoramento e alertas à comunidade? Qual o prejuízo estimado para a economia regional em cada enchente?

Perguntas centrais e que se repetem a cada episódio. Após a inundação dos dias 4 e 5 de setembro, o Grupo A Hora organiza o 1º Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente. O evento está marcado para amanhã, 14, no auditório do prédio 7 da Univates. “Ainda estamos apagando ‘incêndios’. Prefeituras, entidades, empresários. Todos trabalhando para se reerguer após a catástrofe. Por isso, precisamos manter esse assunto na mesa, para não esmorecer e ficarmos na mesma.”

Deste modo, acredita ser fundamental haver mais preparo. “Sabemos que o seminário não apresentará soluções mágicas de imediato. Ele será o início para termos um grande plano de prevenção e proteção.”

Entre os detalhes da programação, estão palestras com autoridades de Blumenau (SC), de Piracicaba (SP). Duas cidades que sofreram com episódios de inundação.

Conforme o diretor do A Hora, o evento tem como um dos propósitos corroborar a premissa de que é preciso organização para evitar novos desastres. De acordo com Weiss, esse será o primeiro de muitos seminários. A partir deste marco, o projeto é tornar o Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente um fórum contínuo de debates e ações para mitigar os efeitos das cheias.

Documento regional

Analisar sistemas de proteção, de monitoramento e alerta. A partir disso, detalhar projetos que podem ser executados, tais como represas, diques e muros de contenção. “Temos de observar onde estamos, e quais etapas precisamos ultrapassar para termos um plano estruturado.”

Como resultado, o seminário tem a missão de elaborar uma “Carta do Vale do Taquari”. Funcionaria como um guia às ações futuras. Segundo Weiss, é preciso sustentar as decisões com base em dados e evidências, para que as estratégias sejam fundamentadas e eficazes.

Neste documento constarão os próximos passos e ações concretas para enfrentar os desastres naturais na bacia do Taquari/Antas, com assinatura de representantes do setor produtivo, especialistas e autoridades públicas.

O seminário é organizado pelo Grupo A Hora, com apoio da Univates, Amvat, Amat, Avat, Amturvales, CIC-VT, Codevate, Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari/Antas e o Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE). O patrocínio é da Caixa e do governo federal.

Destaques da programação

Manhã
Abertura às 8h

9h15min às 9h55min
Alice Castilho, diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico Brasil (CPRM)

10h às 10h40min
Mário Hildebrandt, prefeito de Blumenau (SC);
Coronel Carlos Olimpo, Menestrina Secretário
de Defesa Civil

Plano de prevenção e evacuação
10h45min às 12h15min
Abner de Freitas, representante da HopeFul (startup de educação em desastres)
Painel: Como estruturar um plano de contingência eficiente?
Painelistas: Diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade, Osvaldo Moraes; Chefe da Defesa Civil do RS, Luciano Chaves Boeira; e o secretário da Defesa Civil de Blumenau (AlertaBlu), Carlos Olimpo Menestrina

Tarde
13h25min

Primeiro painel: Ocupação das margens e mobilidade urbana
13h30min às 14h55min
Painelistas: Secretária de Meio Ambiente RS, Marjorie Kauffmann; e o professor de Arquitetura e Urbanismo da Univates, Augusto Alves.

Segundo painel: Financiamentos e ações para estruturas e movimentos de proteção
15 às 16h25min
Apresentação
Vice-presidente do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE), Ranolfo Vieira Junior
Painelistas: Professor de Hidrologia da UFRGS e integrante da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Walter Colischon; mestre em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos e vice-presidente do Comitê Taquari/Antas, Júlio Salecker; engenheiro e vereador em Muçum, Marcos Bastiani.

Carta do Vale do Taquari
16h30min
Os próximos passos para defesa regional serão estruturados por do documento “Carta do Vale do Taquari,” definindo ações concretas, responsáveis, prazos e fiscalização.

Como mitigar perdas?

Confira detalhes dos processos adotados em cidades que sofreram com catástrofes

Vale do Itajaí – Blumenau

A região catarinense é dotada de morros e vales. Em 2008, aconteceu a chamada “Tragédia de Novembro”. As chuvas causaram uma inundação sem precedentes no Vale do Itajaí, afetando Blumenau e várias outras cidades da região.

Pela magnitude da catástrofe, foi preciso um esforço significativo de reconstrução e prevenção de futuros desastres. Desde então, Blumenau mantém uma rede de atuação para alertas precoces, com infraestrutura de contenção e monitoramento constante.

O Vale do Itajaí é suscetível a eventos climáticos extremos, como enchentes e deslizamentos de terra, devido à sua topografia e incidência de chuvas. Como medidas foram criados:

Plano de Prevenção de Desastres:

  1. Monitoramento e Alerta Antecipado:
    Sistemas de monitoramento meteorológico e hidrológico para fornecer alertas antecipados de enchentes e deslizamentos.
  2. Infraestrutura de defesa:
    O plano incluiu a construção de barragens e diques, além de melhorias na drenagem urbana.
  3. Uso do Solo:
    A revisão das regras de uso do solo para evitar a ocupação de áreas de alto risco. O planejamento urbano incorporou áreas de preservação ambiental e restringiu a construção em áreas vulneráveis.
  4. Treinamento e conscientização:
    Mudar a cultura local com programas de conscientização para informar os moradores sobre medidas de segurança e a importância do monitoramento meteorológico.
  5. Integração em situações de emergência:
    Parcerias com agências governamentais, organizações não-governamentais e instituições de pesquisa foram fortalecidas para garantir uma resposta coordenada.

Piracicaba – São Paulo

Município se tornou referência em termos de preparação e resiliência diante de desastres naturais. A cidade, situada às margens do rio Piracicaba, enfrentou enchentes recorrentes. Para proteger a população e a infraestrutura urbana, foi desenvolvido um plano de prevenção de desastres.

Medidas:
  1. Investimento em alerta:
    Sistemas de alerta e acompanhamento das condições hidrometeorológicas. Isso antecipou a retirada das comunidades.
  2. Infraestrutura de contenção:
    Construção de barragens e canais de drenagem para reduzir as inundações nas áreas urbanas.
  3. Planejamento urbano:
    Mudanças no Plano Diretor, com a identificação e restrição de áreas de risco, bem como a promoção de práticas de construção mais seguras.
  4. Treinamento:
    Campanhas educativas sobre como agir em situações de enchentes. Com um trabalho de conscientização sobre o acompanhamento das informações climáticas.
  5. Esforço contínuo e resultados:
    O plano de prevenção trouxe uma redução no impacto das enchentes. No entanto, a cidade reconhece que a prevenção de desastres é um esforço contínuo, com uma necessidade de aprimorar o plano, com mais tecnologias e novas políticas frente ao controle dos episódios.
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