Jornal Nova Geração

PENSAR O VALE PÓS-ENCHENTE

Vale traça metas para salvar vidas

Prefeitos, pesquisadores, líderes setoriais, universidade, promotoria de Justiça e Estado assinam documento com ações de curto, médio e longo prazo para qualificar respostas diante de episódios climáticos extremos

Ao fim do seminário, representantes das entidades elaboraram documento com as principais ações contra catástrofes (Foto: Fred Sehn)

Reorganização das defesas civis, dos planos de contenção, estudos sobre a bacia hidrográfica Taquari/Antas, melhorias nos sistemas de monitoramento, prevenção, alertas e até projetos de longo prazo para construções de estruturas para reservar água como forma de reduzir a velocidade das enchentes.

No Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente, autoridades, pesquisadores e líderes setoriais discutiram os passos necessários para que a região consiga mitigar os efeitos das inundações. O evento ocorreu na Univates e contou com palestras de especialistas da região, do estado e do país. Serve como partida para mudanças nas cidades atingidas por fenômenos climáticos. “Saímos daqui com o compromisso de liderar o que a região precisa para que tragédias como a de setembro possam ser evitadas”, avalia o diretor Executivo do Grupo A Hora, Adair Weiss.

Depois de dois turnos de apresentações e painéis temáticos, os participantes elaboraram uma carta, com as proposições do Vale do Taquari para mitigar efeitos das cheias, delineando estratégias de curto, médio e longo prazo.

O prefeito de Estrela e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Elmar Schneider, acredita que esse movimento tem como marca a união de toda a região. “A agressividade dessa enchente nos surpreendeu e também serviu para refletirmos. Neste momento, chamo atenção para a fotografia dessa carta. A tragédia nos mostrou que precisamos atuar juntos.”

Da associação dos municípios do Alto Taquari (Amat), o prefeito de Vespasiano Corrêa, Tiago Michelon, avalia o seminário como um esforço na busca pela convergência. “Sempre busquei o diálogo. Agora, precisamos somar forças na busca pela prevenção. O principal intuito de todos nós é cuidar das pessoas. São elas que vão fazer a nossa região forte de novo.”

Reforço no monitoramento

A diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do Serviço Geológico do Brasil, Alice Castilho, abriu as palestras do “Pensar o Vale Pós-Enchente”. A instituição federal é ligada ao Ministério de Minas e Energia e tem 54 anos de história. Durante o evento, ela ressaltou a previsão de mais investimentos para o Vale do Taquari.

“Projetamos melhorias significativas na região, com a instalação de novas estações. Além disso, estamos modernizando estações em Encantado, Muçum, Estrela, Lajeado e Bom Retiro”, afirma. Serão cerca de R$ 200 mil de orçamento previsto para 2024.

Sobre o apagão de dados, Alice enfatiza a importância de medidas conjuntas, com mais redundância entre réguas automáticas e físicas. Para ela, essa abordagem integrada provoca uma sinergia entre diferentes regiões, promovendo uma compreensão coletiva e colaborativa para a otimização do sistema de medição e alerta.

Exemplo de Blumenau

O terceiro maior município de Santa Catarina é exemplo nacional de prevenção a eventos climáticos. O secretário da Defesa Civil de Blumenau, Carlos Olimpo Menestrina, foi um dos palestrantes pela manhã. Entre os marcos históricos, menciona a enchente de 1983. “Foi a mais longa da nossa história. Foram 32 dias com a cidade embaixo d’água.”

O divisor para qualificar os sistemas de monitoramento, alertas e socorros ocorreu em 2008. Houve investimento na construção de barragens, diques e no aprofundamento da calha do rio. Dentro das estratégias não estruturantes, Menestrina ressalta a formação da secretaria de Defesa Civil. Hoje, o setor tem 44 servidores técnicos, divididos em três diretorias. Também há coleta de dados em tempo real. Toda a comunidade pode acessar esses dados por meio de 0um aplicativo (AlertaBlu).

O Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente foi idealizado pelo pelo Grupo A Hora, com participação da Univates, Amvat, Amat, Avat, Amturvales, CIC-VT, Codevat e Comitê da Bacia Hidrográfica Taquari/Antas. O patrocínio foi da Caixa, do Governo Federal e da Corsan, com apoio do Banco Regional de Desenvolvimento (BRDE).

CARTA DO VALE

Confira um resumo das ações propostas para mitigar os efeitos climáticos sobre a bacia hidrográfica Taquari/Antas:

Plano de Prevenção e Evacuação:
  • Ampliação do Sistema de Informações e Monitoramento:
  • Modernização e expansão das estruturas existentes.
  • Instalação de novas estações de monitoramento em afluentes vulneráveis.
  • Previsão de enchentes aprimorada para antecipação de informações.
  • Responsabilidade: CPRM, SEMA
  • Sistema de Gestão Integrado Regional:
  • Formação de rede colaborativa envolvendo entidades, municípios e Defesa Civil.
  • Fortalecimento da Defesa Civil com planos de contingência e gestão de desastres.
  • Elaboração de mapas hidrogeotécnicos, cotas de enchentes, e sistemas de alerta.
  • Responsabilidade: Municípios da Bacia, Defesa Civil e entidades regionais
  • Instalação de Sistemas de Acompanhamento nos Municípios:
  • Identificação de marcas de cheias históricas e instalação de réguas convencionais.
  • Criação de níveis de referência com câmeras para acesso público.
  • Responsabilidade: Municípios da Bacia
  • Promoção da Educação para Prevenção de Desastres:
  • Integração de temas nas escolas e famílias.
  • Realização de eventos, palestras e treinamentos.
  • Cultura de simulados para identificação de falhas.
  • Responsabilidade: Municípios da Bacia, Defesa Civil regional
Ocupação das Margens e Mobilidade Urbana:
  • Fase C do Plano da Bacia Hidrográfica:
  • Execução de ações para minimizar impactos das enchentes.
  • Responsabilidade: Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica, SEMA
  • Planejamento dos Municípios:
  • Adaptação dos planos diretores às mudanças climáticas.
  • Responsabilidade: Municípios da Bacia, com apoio do Estado do RS
  • Ações de Curto Prazo e Realocação da População:
  • Identificação de áreas de risco e realocação da população.
  • Responsabilidade: Municípios da Bacia, com apoio do Estado do RS
  • Preservação de Margens e Rios:
  • Recomposição da vegetação ciliar e cobertura vegetal.
  • Estruturas para contenção de cheias e zoneamento de áreas inundáveis.
  • Disciplina do uso dos solos na agropecuária.
  • Responsabilidade: Municípios da Bacia, Comitê de Gerenciamento
Financiamento e Ações para Estruturas:
  • Estrutura Regional para Captação de Recursos:
  • Busca de recursos públicos e de organizações nacionais/internacionais.
  • Operacionalização de projetos determinados nos planos regionais.
  • Responsabilidade: municípios da Bacia, com apoio das entidades
  • Articulação Institucional e Desenvolvimento Regional:
  • Consolidação de entidades de representação regional.
  • Participação efetiva do Comitê de Gerenciamento.
  • Participação ativa de prefeitos e vereadores nas decisões.
  • Responsabilidade: Municípios da Bacia e entidades regionais

Compartilhar conteúdo

PUBLICIDADE

Sugestão de pauta

Tem alguma informação que pode virar notícia no Jornal Nova Geração? Envie pra gente.

Leia mais: