Jornal Nova Geração

SEMANA SANTA

Vendas de pescado devem movimentar mais de R$ 5,4 milhões

Principal período para os piscicultores, a Semana Santa mobiliza cerca de 264 pontos na região. Estimativa da Emater é superar 340 toneladas de peixe entre feiras e venda

Há três anos, Ademir Purper, de Lajeado, faz a venda de peixe na propriedade. Estimativa para este ano é comercializar 800 quilos. Crédito: Felipe Neitzke

O consumo do peixe na Sexta-feira Santa faz parte da cultura cristã e impulsiona o comércio de pescado. Essa tradição gera oportunidades e incrementa a renda de piscicultores da região. Para este ano, a expectativa é movimentar cerca de R$ 5,4 milhões, 20% a mais em relação a 2022, segundo a Emater/Ascar-RS.

Já o volume deve registrar pequeno recuo e alcançar 343 toneladas. São pelo menos 264 pontos de venda, entre feiras e direto na propriedade rural. Em relação ao preço, houve correção com base na inflação. No caso da carpa, o quilo varia entre R$ 12 a R$ 18. Já a tilápia tem o preço médio de R$ 16, se for filé, pode chegar a R$ 42.

Segundo projeções do serviço de assistência técnica, as vendas deste período representam mais de 25% do total negociado durante o ano. Além de ações para incentivar o consumo da carne de peixe em outras épocas, especialistas destacam a necessidade de investir em frigoríficos. Hoje, a maior parte do pescado é destinada para venda na Semana Santa. De acordo com a assistente técnica da Emater, Andréia Tonin, ainda é preciso avançar com a mudança cultural. “Muitas pessoas consomem peixe somente nesta época do ano.”

Andréia destaca que as feiras em Lajeado, nos demais meses do ano, concentram maior procura por imigrantes haitianos e senegaleses. “Eles têm o hábito de comer peixe e sabem dos benefícios à saúde. Essa é uma cultura a ser trabalhada na região e que pode fortalecer cada vez mais a piscicultura.”
Dados da Emater ainda indicam que cerca de 7,8 mil famílias criam peixes para venda ou consumo próprio no Vale. Entre as preferências dos criadores estão as carpas, com destaque para a capim, cabeça grande e húngara. Há ainda, incremento na criação de tilápia.

Menor oferta

Um dos principais fatores para a menor disponibilidade de peixe na Semana Santa está relacionado com a estiagem. De acordo com o assistente técnico de produção animal na Emater/RS-Ascar, João Sampaio, houve perda de qualidade na água e açudes secaram.

“Estamos em um cenário onde não ocorreu a renovação natural de água”, pondera Sampaio. Ainda assim, segundo ele, o diferencial da região e do RS está no número de propriedades rurais com açudes, o que permite uma quantidade satisfatória de pescado.

Além da falta de chuva, os extremos de temperatura também influenciaram no crescimento dos peixes. “A tilápia, por exemplo, não desenvolve nos períodos muito frios. Por isso, o ideal é chegar no inverno com nível mais completo dos açudes.” Outro fator observado é o preço. Sampaio enaltece que os reajustes aplicados pelos piscicultores seguem abaixo da inflação. “O produtor poderia vender mais caro, porém, há a consciência social para ampliar o acesso à carne.”

Vendas superam expectativas

O primeiro dia de feira em Estrela surpreendeu os organizadores. Para facilitar o acesso da comunidade foram ampliadas as ações nos bairros. O roteiro será retomado na quarta-feira e segue até a sexta. A expectativa é vender cerca de 15 toneladas, três a mais em relação ao ano passado.

De acordo com o coordenador da Feira do Produtor, João Luft, a ideia é descentralizar o acesso ao pescado. “Teremos pontos nos bairros Pinheiros, Boa União, das Indústrias e Cohab, além da Feira do Produtor, que fica no Centro”, confirma.

Luft observa que o pescado é vendido vivo, mas há a opção de levar ele abatido e limpo. “Para esse serviço será cobrado o valor adicional de R$ 5.” O responsável pela feira percebe que a cada edição essa demanda cresce. Ele reitera ser uma característica da população urbana muitas vezes sem o devido espaço para a limpeza do peixe.

Estrela iniciou feira no sábado e retoma amanhã as vendas nos bairros. Crédito: Divulgação

Demanda por frigorífico

Para melhor aproveitar o potencial da região na piscicultura, o coordenador da Feira do Produtor de Estrela, João Luft, destaca a necessidade de investir em frigoríficos. “Existe mercado para o filé, e especial de tilápia. É um peixe com poucos espinhos e que caiu no gosto do consumidor.”

Segundo Luft, a região como um todo possui poucas iniciativas voltadas à piscicultura. “Tem um frigorífico em Roca Sales que capta a produção de cidades do entorno. Esse formato poderia ser replicado em outros municípios”, defende. Diante da escassez do produto processado na região, empresas do Paraná ocupam o mercado. “Temos potencial para fazer, mas requer também o interesse da iniciativa privada”, pontua Luft. Por aspectos de comércio, considera ser uma das proteínas de menor custo.

Feira inicia hoje em Lajeado

O governo de Lajeado e a Emater/RS-Ascar promovem quatro dias consecutivos de feiras do peixe vivo. A venda inicia hoje no espaço dos produtores rurais, ao lado do Parque Professor Theobaldo Dick. O pescado será fornecido pela Associação de Piscicultores de Sério, das 9h às 18h. No feriado, encerra às 11h.

A expectativa dos organizadores é vender cerca de três toneladas. “Manteremos o mesmo volume do ano passado por conta das limitações impostas pela estiagem. A condição do tempo inclusive fez suspendermos a venda por alguns meses”, observa o presidente da associação Claudiomiro Stoll.

Serão disponibilizadas carpas capim, húngara, prateada e cabeça grande. O valor do quilo varia de R$ 12 a R$ 15. Conforme Stoll, não houve maiores reposições de valores a fim de permitir o acesso da carne de peixe ao público em geral.

Por conta da parceria com o Estado, os criadores recebem o

Piscicultores de Sério iniciam hoje vendas na Feira do Produtor de Lajeado. Meta é comercializar três toneladas até sexta

acompanhamento técnico da Emater. Além da venda na Semana Santa, Lajeado promove uma feira por mês para incentivar o consumo e a geração de renda para os piscicultores.

 

Renda extra

Além das feiras promovidas em parceria entre municípios e Emater, piscicultores da região apostam na venda direta. É o caso de Ademir, 53, e Roselene, 49, Purper, de Lajeado. Eles iniciaram no fim de semana a venda de carpas. Este ano o valor do quilo varia de R$ 16 a R$ 18 e assegura renda extra.

A família Purper decidiu investir no setor faz cinco anos e comemoram os resultados. “Temos carpa de dois a seis quilos, criadas com pastagem, sem uso de ração que encarece muito o custo de produção”, enfatiza Ademir. Nesta terceira edição da feira, o casal estima vender 800 quilos de peixe.

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